Os factóides de alguns mídia em Portugal
A substituição da lógica da verdade pela lógica da notícia não decorre apenas duma omissão ignorante, ou desconhecimento acerca do essencial dos factos a relatar, mas remete para a própria acção humana, para a sua condição (mais ou menos miserável, consoante as motivações dos players em cena) e tudo isso é depois conjugado com uma política editorial comandada pelo director (ou a direcção) de informação, que tem mais ou menos autonomia em relação aos accionistas donos da empresa de media. Ora, em Portugal sabemos existir uma estação que converte os seus telejornais de 6feira em sessões de terapia compensatória para equilibrar o ego de certas pessoas, perseguir outras, fazer estardalhaço na sociedade, sobressaindo pelo pior, ou, se quisermos aqui evocar Oscar Wilde - o jornalismo justifica a sua própria existência graças ao princípio darwiniano da sobrevivência do mais vulgar. Um princípio que se aplica bem a um certo caso nacional, que é uma autentica "caça às bruxas". E assim, sob a capa de pluralismo informativo, alguns lá vão impondo uma neocensura através do seu dilúvio de notícias, meias notícias, calhandrice, composta com factóides com o fito de dar pão e circo às multidões que - alienadas - vegetam sobre aqueles conteúdos. O jornal de 6feira parece prefigurar é manifesto caso de crime de ódio (como muitos já defenderam), tudo aquilo destila esse sentimento, do início ao fim. Até um cego-surdo-mudo compreende essas motivações mesquinhas de gente que se aproveita dos canais que tem para injectar toneladas de desinformação na sociedade. Mas o povo português já não é tão alienado como o era há décadas, e hoje já tem filtros e sabe fazer zaping quando vê certos bonecos travestidos insuflados a botox. Pergunto-me se até um Michael Jackson não faria melhor...
Certos telejonais deveriam apenas chamar-se magazines ou revistas feitas por paparazis, nada mais. Nomeá-los como programas de informação é uma violação e um atentado à verdade, além dum terrível mau gosto. Talvez para reality-show o formato servisse. Talvez..., e já com muitas cedências à maldade. Resultado: os mídia, alguns mídia que criticam detestam ser criticados, e quando o são resolvem a coisa através de processos judiciais. Tenho para mim que os portugueses têm já hoje mais cuidado com o que vêem, já não comem gato por lebre e têm a possibilidade de comparar com as múltiplas alternativas no mercado. E se podem ver um original porque persistir num boneco de cêra que se desfaz em directo!? Os novos censores estão hoje na dispensa de certos mídia e que reproduzem esses meios de violência simbólica por múltiplas razões: ignorância e impreparação, falta de meios, omissão, incapacidade de enquadramento dos factos que dão origem às notícias, demasiada paixão e subjectivação na produção de informação ou até, em certos casos, campanhas de ódio dirigidas a personalidades influentes da vida pública, oriundas do meio empresarial, político ou cultural. Certos telejornais, como o de 6feira revelam essa obstrução à boa informação, privada que está de distinguir a verdade da falsidade, os factos dos factóides, meros indícios de provas - que cabem à Justiça apurar (e depois condenar ou arquivar). Precisamente para facilitar a manipulação da informação dos neocensores junto dos cidadãos que comem aquelas pastilhas de desinformação, se bem que cada vez mais portugueses têm recursos para verificar os factos e a lógica que fundamentam essas notícias. Numa palavra, certos telejornais não são senão reality-shows, revistas de má qualidade para endrominar audiências, procurando, com isso, consolidar um jogo de relações de interesses mútuos entre certos mídia, certos actores políticos e empresariais que em comum têm os mesmos alvos a abater na praça pública. E aqui parece vigorar a máxima segundo a qual se não os podes derrotar no jogo político saudável em democracia não hesites em recorrer ao jogo sujo para os destruir. É isto que está sendo feito entre alguns mídia mais miseráveis (segundo o director do Expresso) em Portugal - que não merecem um só segundo da nossa atenção. É para esses que devemos canalizar a nossa boa opção bloqueando o seu consumo. Na minha casa o canal 4 está of.
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