segunda-feira

Notas Soltas - por António Vitorino -

Registei algumas notas acerca dos comentários de António Vitorino, com os quais fácilmente nos identificamos:

1. Pedro Passos Coelho terá, já no próximo Verão, um berbicacho por resolver: novo Congresso para saber como arrumar na prateleira a srª Ferreira Leite. O seu score eleitoral é baixo, a sua performance política é negativa, mesmo com a ajuda de Belém, as sondagens de opinião não lhe dão crédito, os militantes do PSD também não - e quando se pergunta aos portugueses se vêm alternativa ao Governo socialista liderado por Sócrates - a resposta é NÃO.
Portanto, Ferreira Leite perde em toda a linha, mandar vir Barroso de Bruxelas e trocá-la por Leite, também seria um péssimo negócio para a Europa (e para Portugal), "maneiras que" Ferreira Leite já não é só um problema para o PSD e para Portugal, é, antes de mais, um problema para si própria. Ainda termina a dar outra conferência de imprensa no American Club a dissertar acerca da nova democracia, esperemos que o faça, doravante, na companhia do seu tradutor simultâneo, o ex-maoista Pacheco Pereira. Já agora, alguém viu por aí o turbo-economista - António Borges...
Ou recolheu a Alter-do-Chão e à sua produção vinícola ou está escondido na dispensa da Goldman & Sachs (que tem uma centena de vice-presidentes), um nome parecido com as famosas motoretas que fizeram as delícias da minha juventude. Havia também a Casal Famel e a Zundape.

2. Um Governo recortado no velho Bloco Central entre PS e PSD, com os actuais actores políticos seria um convite ao exílio. Desconheço se o analista António Vitorino emigraria, mas eu talvez me refugiasse no Corno d´África. À cabeça, não estou a ver que pasta ou ministério Sócrates poderia atribuir a Ferreira Leite, mas a Educação e as Finanças - não seria certamente. Pois quando ocupou uma e outra, aquela no Governo de Cavaco, esta num governo de Barroso - foi uma lástima. Na Educação asfixiou o sistema de aprendizagem, nas Finanças pôs o garrote aos empresários. Um exemplo a não repetir, talvez a pasta da Cultura, e como sub-secretária de Estado. A Cultura talvez mereça uma "suspensão da democracia" por semestre a fim de empreender as reformas no sector. Mas Ferreira Leite a dissertar sobre Cultura é como solicitar uma análise da obra de Pessoa, Camões, Vieira ou mesmo Eça a Joe Berardo. Seria sempre tudo muito problemático. E o resultado só poderia ser um: o Palácio da Ajuda, onde Santana um dia tomou posse a toque de Lexotan, ruiria pela Calçada da Ajuda abaixo, e isso implicaria um monte de escombros frente ao Palácio de Belém, senão mesmo uma inundação no rio Tejo, com a subida do nível das águas inundando Lisboa e submergindo os alfacinhas. Pior do que este mini-dilúvio, só mesmo Santana regressar à CML, o que seria um cenário verdadeiramente dantesco.

3. Outra interpretação que fiz das Notas Soltas de António Vitorino - concordante - foi reconhecer que a amostra da sondagem da Católica trata muito mal o cds/pp, sub-representando-o. Já sabemos que se trata do partido do táxi, mas temo que os "amostradores" da referida sondagem pretendem reduzir o partido de Paulo Portas ao Smart. O que é uma injustiça, além duma maldade. Pois até se poderá dar o caso, num quadro de maioria relativa do PS, de Sócrates vir a formar Governo com o cds/pp. Se assim for, desta vez que se dê a pasta da Agricultura a Paulinho das lavouras. Já o estou a ver de tractor e grade de discos a plantar tomate nos latifúndios do Ribatejo. Alí para os lados do empreendimento turístico da empresa Portucale, na Herdade da Vargem Fresca, em Benavente.
Não sei se Paulo Portas sabe onde fica?! Mas o sr. Abel Pinheiro sabe..., na altura tesoureiro do cds, um partido sui generis, porque até os mortos pagavam quotas. Desconheço se votavam.

4. Relativamente a Vital Moreira, foi oportuna a formulação de António Vitorino ao sublinhar que os argumentos de punho erguido na cara do adversário - não são própriamente argumentos de índole democrática, mas não é de estranhar, pois o PCP nunca - (admitiu a invasão de Praga nem a queda do Muro de Berlim, por isso também não irá pedir desculpas a Vital Moreira) - foi um partido verdadeiramente democrático, transparente e pluralista.
5. Caso não existe uma maioria absoluta do PS, o que aumentará a instabilidade política em Portugal, haverá um governo minoritário que, na estimativa do analista, mediará entre os 12 e os 18 meses, cabendo ao PR, naturalmente, algum ascendente no sistema político que fará dele um player de grande influência no jogo florentino na polis. Nesse caso, Cavaco já estará a ajudar Pedro Passos Coelho, e não a sua discípula Ferreira Leite.
6. Falemos de coisas muito mais sérias - que este governo está empenhado em combater: o desemprego, e pelas estimativas dos organismos internacionais não são animadoras. Esperemos ficar aquém dos dois dígitos, o que já por si é um drama.
Mas a grande pergunta no quadro deste problema social (comum a toda a Europa) é: e se Ferreira leite, adversa como é ao investimento público, logo à alavancagem da economia por via de investimento regulado pelo Estado (em grandes infra-estruturas de comunicações), fosse poder!?
O desemprego não teria já ultrapassado os dois dígitos?
- Temo bem que sim...