segunda-feira

A função do Ódio + Vingança = PCP. O caso da agressão a Vital Moreira

A agressão física a Vital Moreira por parte das hostes comunistas e sindicalistas afectas ao PCP denuncia um estudo de caso no qual valerá a pena meditar, porque esse simples facto revela a fonte que alimenta toda a ideologia de acção - o ódio ao "outro" que é diferente - que dinamiza as movimentações do partido comunista mais retrógrado do mundo, de par com o PC norte-coreano, como é o PCP.
Isto denota, por outro lado, por que razão o amor tão fácilmente se converte em ódio, e isso passa-se na relação do PCP com Vital Moreira, que o "amou" enquanto foi militante do PCP, e hoje o odeia porque representa o PS.
A questão é, pois, pertinente, e deve colocar-se em termos psico-políticos: o que motiva esta agressividade, este rancor e esta sede de vingança? Ou, se quisermos, qual é a função do ódio na tentativa de destruição política de Vital Moreira emanada do PCP?
Será uma cura pelo abandono que o PCP ainda não esqueceu?! Recordo que o PCP - e todos aqueles que lhe são afectos, funcionam como uma seita fanática relativamente a todos aqueles que não seguem a sua raquítica cartilha, e é sob essa identidade que o PCP actua.
Consequentemente, aquele acto de agressão física a Vital Moreira em contexto de campanha eleitoral denuncia a frustração, a traição, os ciúmes políticos, a renúncia na sequência do abandono de Vital Moreira ao PCP. Vital dilacerou o partido de Cunhal, subtraíu-lhe valor mobilizador, amputou o "colectivo" como diminuíu cada um dos sujeitos que individualmente o compõem. Ambos foram amputados duma parte da sua vida: Vital Moreira perdeu tempo naquele partido de pendor ditatorial (embora se diga democrático), mas nem foi capaz de condenar a invasão de Praga pelostanques soviéticos em 1966 (que Milan Kundera conhece bem) no quadro da teoria da soberania limitada de L. Bresnieve, nem se regozijou com a queda do Muro de Berlim em 1989. Trata-se, pois, dum partido que há décadas carece duma perestroika, mas nunca a fez. Por isso, elogia o regime norte-coreano que designa de modelo democrático. Isto diz tudo acerca do miserável partido comunista português - que a todos nos envergonha.
Com a saída de Vital do PCP cada um foi obrigado a voltar atrás, em termos de memória, embora já nada pudessem fazer - a não ser agredir física e verbalmente o seu ex-militante e co-autor da Constituinte - como forma de expiar os pecados ideológicos e históricos do PCP. Então cada um é forçado a reconstruir um novo eu numa nova colectividade (ainda mais retrógrada), e aquele gesto de agressão física sigificou trazer para o presente a chama viva desse passado de militância de Vital Moreira no PCP cujo abandono o partido da Soeiro Pereira Gomes nunca se refez no plano psicológico. É como se Vital tivesse humilhado cada um e todos os seus membros ao mesmo tempo na sequência da sua saída do PCP. Daí a agressividade...
Portanto, aquilo que foi mantido pelo "amor" e pela identificação de um membro ao seu partido, acaba por ser destruído pelo ódio do partido ao seu ex-membro após o acto da separação, que aniquilou essa relação de confiança entre um militante e o seu ex-partido. No PCP estas relações controversas ainda são mais complexas do que os divórcios e os litígios entre familiares que, por vezes, se matam por causa de partilhas de bens e de heranças. Termina tudo à facada e ao tiro. Essa é, de facto, a marca d' água do PCP. E se Almada fosse uma imensa Sibéria - era para lá que o camarada Jerónimo - torneiro-mecânico - enviaria Vital Moreira, votando-o a trabalhos forçados 25h por dia, sendo que a hora extra seria para ser votada à oração a Stalin e a outras referências canalhas e assassinas que integram a biblioteca deste miserável PCP.
O ódio é, portanto, a mola e a força libertadora do PCP e das suas hostes, e a reacção cínica e hipócrita de Jerónimo áquela agressão traduz isso mesmo. Para uma pessoa de bem uma agressão significa uma agressão, para o PCP é um sinal de libertação que até ajuda a campanha de Vital para as europeias, no dizer esclerosado de Jerónimo, o "cangalheiro" da Soeiro Pereira Gomes que gosta de dançar nos alunos de Apólo.
O PCP precisou de dizer que existia no presente, então inventou aquele tabefe a Vital seguido do copo de vinho derramado sobre ele. Foi uma tentativa de destruir esse passado do PCP e de o prolongar no futuro. É como se o PCP precisasse duma segunda historicização em que cada um volta a percorrer a sua vida politico-ideológica dentro das baias apertadas do PCP para destruir dentro de si o valor da relação deteriorada, a fim de aniquilar recordações desagradáveis, desenterrar os fantasmas, e, assim, procurar expiar os seus próprios pecados históricos e ideológicos de um partido rigidificado.
Como na guerra, em que os contendores se esquecem das coisas que os uniram e recordam apenas as discórdias, as culpas, as mágoas, os ressentimentos, as injustiças sofridas, para alimentar o ódio - que leva, inevitavelmente, ao desejo de aniquilição. Foi isso, precisamente, que significou aquela agressão verbal e física a Vital Moreiral, que conhecendo as gentes e os cantos à casa já deveria estar a contar com elas.
Sendo que a vingança, é a forma mais objectivada desse ódio, é a recuperação da história em sede de campanha eleitoral de forma a ligar o passado ao futuro. Daí que o PCP tenha instruído a sua gente, que até já está auto-instruída, para executar a sua pequena vingança, que foi lembrar a Vital - e ao País - que o passado ainda está bem vivo e que o PCP nunca esquece. Está sempre disposto a saldar uma dívida antiga que nunca foi devidamente saldada, porque ficou em suspenso.
Vingar-se significa, na prática, remeter para o futuro um acto de destruição que devíamos ter realizado logo, ora como o PCP não conseguiu destruir Vital - porque este é um académico respeitado e tem élan na sociedade, restou ao PCP manter vivo esse passado sob a forma de destruição, cabendo ao dipositivo vingança operacionalizar essa factura ao seu "ex-menino bonito" e constitucionalista de primeira água.
Por isso, o PCP é, hoje, aquilo que sempre foi, mesmo no tempo da ditadura de Salazar e no tempo do PREC a que Mário Soares, e bem, soube pôr termo: uma equação simples de Ódio + Vingança = PCP.
Vital apenas foi um alvo do PCP hoje no PS, mas amanhã o mesmo dispositivo de violência pode ser aplicado a Zita Seabra no PSD. Embora com menor intensidade porque se trata duma militante sem grande valor político ou intelectual.
O papel de Zita - fazendo do PSD uma espécie de um albergue espanhol, é editar os livrinhos de santana Lopes, nada mais.