Vital Moreira em boa forma. Tem o peso intelectual e a dimensão política para ser um eficiente Eurodeputado
Diria, para concluir estas notas ao livro de Vital Moreira sem estragar o prefácio de António Vitorino, que eles sabem que, hoje, a aposta europeia na construção de uma instituição política de tipo novo, que permita responder às limitações do Estado nacional sem regressar às velhas estruturas políticas rígidas de tipo imperial, é uma crucial oportunidade de inovação política, talvez a única que tem potência suficiente para enfrentar a turbulência das mudanças que ocorrem no plano da economia mundial e que se saldou no desastre financeiro, económico e social que hoje estamos todos, com diferenciadas intensidades, a viver.
Eles sabem, e nós também vamos sabendo, que a lentidão desta evolução política e a escassa mobilização das sociedades europeias para enfrentarem este novo desafio de forma convicente e urgente, passa por equacionar a dúvida relativamente à capacidade para encontrar, em tempo útil, ou seja, antes que se formem ondas de turbulência como a que estamos a viver - e que se pode definir como uma crise de confiança - um modelo de orientação político-institucional adequado à conjuntura emergente.
Em prol da Europa e dos europeus - que somos todos Nós Europeus. António Vitorino sabe-o muito bem, pois o colégio de Comissários com quem então partilhava responsabilidades políticas em 2004, até o quis elevar a Presidente da Comissão Europeia (apesar do veto político dos EUA, RU e Espanha - então empenhados em fazer a guerra ao Iraque como forma de expiar as maldades de Bin Ladden na América no fatídico Setembro de 2001 - que se ficou a rir nas montanhas do Afeganistão..), e, doravante, Vital Moreira tem de assumir o papel misto e complexo porque tem de saber ser simultaneamente: pedagogo, político e um grande comunicador.
Como são notórias essas três vertentes em Vital Moreira, não será de admirar que o resultado político seja o melhor nestas eleições europeias. Até mesmo no combate à abstenção, que é crónico neste tipo de acto eleitoral.
Numa palavra, hoje estiveram lado a lado dois juristas de primeira água, um sabe de constitucionalismo europeu, o outro soma a essa dimensão teórico-constitucional uma vertente prática de governante e de ex-Comissário europeu numas das pastas mais sensíveis e de fronteira (a Justiça e Assuntos internos).
As melhores garantias para que hoje o resultado dessas sinergias se traduzam - seja no plano da democracia representativa, na democracia participativa e até ao nível da democracia de opinião, numa articulação de dispostivos que podem (e devem) reforçar o sistema político português valorizando, ao mesmo tempo, a democracia (económica e social) europeia (hoje muito nuclearizada na questão das regulações) num período de grande turbulência global, que só cessará após a conquista da confiança perdida nos mercados, nas instituições, nas organizações e nas sociedades.
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