quarta-feira

Poesia política made in Manuel Alegre - em versão angolana -

Nota prévia:
Recentemente Augusto Santos Silva (e bem) disse que Alegre era rápido a criticar os deputados da maioria do seu próprio partido e lento a criticar os deputados da oposição. Agora Alegre envergonhou-se e entendeu que deveria congelar a sua atitude tão hedonista quanto insustentável e reconhecer o trabalho politico-diplomático do Governo no quadro da relação bilateral com o Estado angolano.
Contudo, o poeta Alegre, se tivesse alguma densidade política, que manifestamente não tem, aliás, nunca teve, poderia dourar o seu comentário de circunstância institucional (e de forma diplomática) instando as autoridades angolanas a agendar as eleições que tardam em ser marcadas, e isso é incomportável com uma verdadeira democracia pluralista e o rule of law. Seja ao abrigo da Constituição vigente (como devia) seja, como é do interesse de Eduardo dos Santos, ao abrigo da Constituição emergente - que deve empastelar o processo e marcar as eleições lá para as calendas gregas. Ou seja, temos Zé Du por mais uns anos na presidência sem qualquer rotatividade democrática...
Ele já conta com 16 anos de poder ininterrupto, agora faz depender as eleições duma Constituição que não se sabe quando entrará em vigor. O que não deixa de ser algo kafkiano. Mas África é África, e aquele é, verdadeiramente, um assunto interno.
"Maneiras" que quando Alegre deve falar não fala (porque obviamente lhe falta massa crítica e conhecimento dos processos políticos), e quando deve estar calado espalha-se. Alegre igual a si próprio: um poeta a carecer de calibragem.
Agora a notícia:
TSF:
Alegre elogia trabalho do Governo nas relações com Angola Lusa
Manuel Alegre
Manuel Alegre elogiou, esta terça-feira, o trabalho do Governo nas relações que tem mantido com Angola. O deputado socialista, tal como a maioria dos líderes parlamentares, recusou ainda subscrever as críticas do BE dirigidas a José Eduardo dos Santos. (...)
Obs: A República ainda conclui que o namoro político empreendido entre o poeta Alegre o radical Louçã será envenenado por causa de um comunista formado em Cuba e na ex-União Soviética. Além de provar a ironia da história, esta posição de Alegre com o BE revela bem a esquizofrenia a que alguma política chegou em Portugal. É um assunto que só merece um destino: arquivamento.