A história em movimento. Viseu berço de D. Afonso Henriques...
A história está em revisão constante. As teorias da história não são, por isso, diferentes da revisão dos paradigmas aplicados nas chamadas ciências duras, que revogam um paradigma assim que ele perde potencial explicativo para prever e explicar a novidade emergente, como ensinara Thomas Khun. Neste quadro de mudança defende-se que Viseu poderá ser o berço da nacionalidade do pai-fundador da Nação - porque foi aí, e não já em Guimarães, que terá nascido o fundador do reino de Portugal, D. Afonso Henriques.
E a coisa faz sentido porque se comemoram agora os 900 anos do rei-fundador, quase um milénio, o que é "muita fruta", convenhamos. É óbvio que já se está a ver o filme, com Guimarães a chamar tolinhos aos visienses, e estes, por seu turno, a jurar a pé juntos que D. Afonso Henriques, o tal que batia na Mãe, nasceu em "B"iseu e não onde a manela Ferreira leite foi empossada para dirigir a comissão liquidatária do actual psd.
Ou ainda, para se ser mais original, haverá quem defenda que, afinal, D. Afonso Henriques terá nascido em Viseu e em Guimarães, e depois foi baptizado em Coimbra, onde terá também tirado um mestrado em Direito Comunitário num curso dirigido pelo distinto constitucionalista Vital Moreira, hoje cabeça de lista pelo PS às eleições Europeias que se avizinham.
Por aqui vemos que o caminho da imaginação não conhece limites, e se a moda pega amanhã um qualquer historiador também poderá defender que Cavaco nasceu em Trás-os-Montes, Durão Barroso é de Boliqueime, Santana lopes nasceu em Fátima e teve uma pan na Cova da Iria - por isso ainda acredita em milagres, Cunhal ainda está vivo e dá missa disfarçado de padre barbudo numa Igreja do Seixal, Mário Soares nasceu em Paris e exilou-se em Portugal, o poeta Manuel Alegre entrevista Salazar e aproveita para o esbofetear em directo numa emissão transmitida pela TVI, Moura Guedes é varina no mercado da Ribeira, Eduardo Moniz é um pacóvio sofisticado como diz o Jumento, o camarada Jerónimo de Sousa desejava ser torneiro-mecânico mas acabou em deputado e, por isso, já perdeu os calos, o Carvalho da Silva tem uma afinidade com Al berto João da Madeira pelo facto de estarem há 30 anos no poder das respectivas organizações (CGTP e PSD-Madeira).
Descobrir-se-á nesta reciclagem da história que Pacheco Pereira é neto de Mao Tsé Tung e Lobo Xavier filho ilegítimo do empresário Belmiro de Azevedo detentor de um jornal dirigido por um idiota maoista que além de escrever mal ainda pensa pior. E a avaliar pela forma como "mancheta" nem sequer deveria ser jornalista...
Por fim, Santana lopes dirá que já não deseja ser o "menino-guerreiro", nem sequer ser o Dom Sebastião - O Encoberto, o que ele agora deseja ser é o D. Afonso Henriques.
Sempre terá a vantagem de, caso perca em Lisboa as eleições autárquicas (como tudo indica), apresentar-se-á em Guimarães ou a Viseu, ou ainda à Junta de Freguesia do Areeiro ou mesmo à freguesia das Olaias. A esperança de ser autarca nunca deve morrer... E se for como a experiência de Primeiro-Ministro é um estouro...
Tudo isto significa que, afinal, as investigações na história são um pouco como as revoluções na ciência e na tecnologia. Sabe-se como começam mas nunca se sabe como terminam nem que efeitos podem ter nas populações as novas descobertas.
Eis o nosso admirável mundo novo...
Tudo por causa dum tipo corajoso que batia na Mãe, dona Teresa, bastarda do rei Afonso de Castela e Leão.
Se fosse vivo D. Afonso Henriques teria hoje a módica idade de 900 anos.
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