domingo

Coitado do Manuel Alegre... O pavão da política à portuguesa

Agora até já o douto Marcelo de Sousa na sua charla domingueira acha que o poeta manuel Alegre anda a fazer má política, colocando-o na posição da "esparregata", dada a aparente flexibilidade que tem pautado a sua acção nos últimos meses.

Infelizmente, aquilo que Alegre tem andado a fazer não é bem a esparregata, mas ir à colmeia sacar o mel que outros produzem sob a forma de capital político. É óbvio que se o poeta tivesse uma ponta de verdadeira coragem politica já a teria assumido sob a sua mais nobre forma: romper com um partido e uma liderança com que não se identifica, formar um novo partido e ir a eleições com um programa próprio. E não andar por aí a fazer ameaças torpes de mau e ingrato deputado.

Óbviamente, Alegre não fará nada disso, porque não tem perfil executivo, fora do PS seria uma espécie de homeless da política e também não tem ideias nem projectos realistas que possam interessar aos portugueses. Numa palavra, Alegre converteu-se num guerrilheiro político da 3ª idade. Quer combater sentado, com as tropas dos outros, as ideias dos outros e também com os votos dos outros. Alegre, no fundo, vive do expediente, da boleia e do puro oportunismo que as circunstâncias neste momento lhe oferecem, ante um PS que está no limiar da maioria absoluta.

Mas será que ninguém entende o pobre poeta..., quando ele a única coisa que quer é o lugar que hoje jaime Gama ocupa na estrutura do Estado. Alegre só já deseja uma coisa na vida: ser presidente da Assembleia da República.

E xingará a cabeça ao PS e a Sócrates até alguém lhe prometer esse tacho. No fundo, Alegre actua sob a capa de um grande moralista, mas apenas deseja um lugar honroso para concluir a sua reforma. Quem acreditar que ele anda preocupado com o Código do Trabalho e os professores está rotundamente enganado.

Alegre alimenta-se da sua própria vaidade, encara a política como um conjunto de penas que lhe dão aquelas asinhas de pavão que caracterizam a sua deprimente vaidade no rectângulo.

Alegre é, hoje, a metáfora mais perfeita da metafísica do vazio, do poema sem letras, da anti-política e da desesperança na república.