domingo

O "grande" Manuel Alegre e a metafísica do vazio. Em busca dum casus belli

A estratégia política do poeta-deputado Manuel Alegre, que nunca digeriu a sua derrota perante Sócrates - (imbuída em questões simbólicas, geracionais e de estilo e afirmação política) parece prefigurar o seguinte: Alegre vai de declaração em declaração, cada uma mais contundente do que a outra, a ponto de mostrar até desprezo pelo seu próprio partido - equacionando a possibilidade de concorrer contra ele - no intuíto de inflamar os ânimos por forma a que "alguém de serviço" na estrutura oficial do PS - lhe responda intempestivamente, e isso, só por si, gerar uma onda de paixão e de comoção que só iria favorecer este poeta sem rumo, este deputado-parasita cuja única prestação legislativa que tem dado ao País é, precisamente, sentar-se nas cadeiras da última fila do hemiciclo e aí conspirar com meia dúzia de velhinhas, entre as quais se encontra a srª dona Matilde Sousa Franco que deveria ser tanto deputada como o bispo de Setúbal presidente da Autoeuropa.
Infelizmente, a vida política é feita destas mestelas, destas desgraças, destes conúbios e infantilidades que nenhuma relevância têm para a causa pública ou engrandecem o chamado bem comum que falava Aristóteles. Alegre, toda a gente sabe, é um histórico do PS, mas daí a fazer da sua finalidade de vida a sabotagem diária da política geral do PS - só poderá antecipar a queda por efeito de desprestígio e decadência do próprio Alegre.
Pois estas suas jogadas - reveladoras até de má poesia política - só denunciam a sua falta de visão política, além de questionar a necessidade do PS renovar os seus deputados e meter sangue novo no partido. Nunca vi Alegre iniciar um projecto legislativo no Parlamento, ele apenas conspira e sabe andar de braço dado com o BE, que o tem instrumentalizado (e alienado politicamente).
Alegre só (ainda) representa o que representa, um naco de história protestatária, porque Sócrates está no poder, doutro modo já nenhum jornalista se lembraria dessa relíquia que combateu o fascismo, e nada mais fez nos 30 anos subsequentes à democracia. É certo que Alegre - ao falar grosso - revela não ter medo. Mas medo de quê e de quem? O que prova que a teoria do medo, oriunda doutro histórico do PS, apenas foi o mecanismo criado pelos velhinhos do Restelo do Largo do Rato - para gerar algum efeito psicológico de desgaste em Sócrates - que ainda não lhe prometeu o lugar de presidente da Assembleia da República, que é o Alegre deseja, ante a impossibilidade de ser ou PM ou PR.
Alegre é hoje um poeta perdido em busca dum guião na vida política. Anda perdido, oscila entre o BE e a sua vaidade pessoal. Ele, na realidade, está-se a marimbar para o código de Trabalho ou para os professores. Sabe que a Helena Roseta, outra megalómana, é apenas um paliativo e uma amiga que está sempre no quarto dos fundos da política, para o animar cívicamente, mas isso não lhe garante uma posição de força na arena política em Portugal. O que fez de Alegre um prisioneiro dele próprio. Ficou enredado entre as suas próprias teias, no seu próprio Guantánamo: entre coligar-se ao BE e sair do PS - ficaria sem identidade; ficando neste PS é um político amorfo - porque Sócrates impede-o de brilhar. Mas como se pode brilhar sem ideias nem projecto?!
E de declaração em declaração Alegre tenta ardentemente arranjar um casus belli que o vitimize e, com sorte, provoque a tal dramatização e onda de paixão que o empurre para um alto cargo no aparelho de Estado com o beneplácito do PS que ele hoje tanto critica. Alegre, no fundo, anda em busca dum milagre. O milagre de ser apoiado para o cargo que hoje é ocupado por Jaime Gama. Mas creio que mais fácilmente lhe sairá o totoloto do que a concretização dessa sua parola e imerecida profecia.
Alegre deveria fazer aquilo que melhor sabe fazer: poesia. E não se meter em assuntos de que não percebe. Não entender isso é caminhar - em passo acelerado - para a sua própria auto-destruição.
O PS sabe isso, razão por que já nem lhe responde, deixando-o desgastar-se em declarações e guerrinhas de Alecrim e Manjerona. O que daria um belo título para mais um daqueles seus poemas...