Um caso de falta de cultura e ética parlamentar

Um caso de falta de cultura e ética parlamentar

O episódio dos insultos que o deputado José Eduardo Martins (PSD) dirigiu a Afonso Candal (PS) estão longe de se esgotar num "excesso lamentável", como ontem considerou Paulo Rangel, líder parlamentar social-democrata. Não estando prevista nenhuma sanção para altercações no calor dos debates no estatuto do deputado, seria aceitável que fosse o chefe da bancada laranja a dar o exemplo e a punir disciplinarmente o seu vice-presidente de bancada. Numa altura em que a imagem dos políticos portugueses está mal vista, o PSD, no seu todo ou a sua direcção, não deve ser condenado pela atitude infeliz e irreflectida de um dos seus deputados, mas podia ter dado o exemplo, demarcando-se de um dos momentos mais infelizes da história da retórica parlamentar no pós-25 de Abril.

Como agravante, o deputado de verbo fácil ainda resolveu ontem só pedir desculpa à sua bancada, esquecendo-se de que deve, sobretudo, uma explicação ao povo que o elegeu. Aquilo que o deputado considerou ser uma ofensa do seu opositor à sua "axiologia de valores", como diz, devia ter merecido uma resposta no estrito âmbito da retórica parlamentar, não promovendo um regresso ao pior dos excessos verbais do Verão Quente de 75.

Obs: Infelizmente, o caso vernacular do sr. Eduardo martins é já uma repetição lamentável. Ser grosseiro integra o seu próprio ADN. Basta acompanhar as sessões parlamentares, aquela bocarra destaca-se sempre pela negativa e de forma muito vernacular. Pergunto-me se ele em casa administra o mesmo tipo de oratória. Além de ser agressivo ele permite-se no próprio hemiciclo desafiar físicamente um deputado para um duelo. Ao fazer política ao estilo do séc. XIX, em que os problemas e dissensões se resolviam à pancada, o sr. Martins é, seguramente, o jovem mais velho naquele parlamento. Segundo consta é Vice-presidente, o que ainda é mais grave. Talvez o melhor seja mandar o sr. martins para a escola...