sexta-feira

A errância de Pacheco Pereira: um opinion-maker tóxico

Já aqui sinalizámos a cultura histórica e sociológica de Pacheco Pereira, grande expert em comunismo (e em maoismo, por experiência própria). De resto, pensa e escreve bem. Habituei-me a respeitá-lo. Mas há uns anos para cá, acentuou-se nele um sectarismo e uma parcialidade na forma como aborda os fenómenos políticos que deixa muito a desejar. Isso só tem explicação no erro de casting que foi Ferreira leite, de quem é o principal conselheiro (tóxico), como diria Marcelo Rebelo de sousa. Ou seja, a insustentabilidade política de Ferreira leite faz com que ela dependa de duas molas no sistema: de Belém, i.é, do apoio explícito ou implícito de Cavaco; e do seu staff, onde pontifuca o gúru Pacheco. Portanto, não é de estranhar (para este) que uma derrota de Leite seja, automáticamente, uma derrota para o próprio Pacheco (seu arquitecto nos media). Daí a defesa de unhas e dentes que ele faz a uma líder idiota, que procura cultivar uma imagem de seriedade e de credibilidade e depois vai perorar para o American Club o regresso da "ditadura" para implementar as reformas em Portugal e apoiar a campanha negra do "pinócrates" da jotinha laranja em Setúbal. Hoje, o tema central de Pacheco na QC - SIC/N foi, pasme-se, o freeport.. É a esse tema-quadro que ele se agarra para fazer análise e tentar recolocar na agenda-setting as suspeitas e as incriminações sobre o PM em funções para daí extrair dividendos políticos. Teóricamente, é uma estatégia assassina, inqualificável, cobarde mesmo. Mas, por outro lado, revela até como é que a inteligência e alguma cultura das pessoas é utilizada para a maldade e sacanagem. Pacheco esquece-se duma coisa: há sempre alguém que já rasgou os livros por que aprendeu. Há sempre alguém mais rápido e mais inteligente do que este intelectual decadente que hoje não passa duma sombra de si. Pacheco é um opinion-maker tóxico na medida em que as opiniões que expende contaminam mais do que esclarecem.