Colapso - um livro de Jared Diamond -
Como diria, Diamond - cujas obras encerram inúmeras lições para o futuro, há que escolher bem as variáveis por meio das quais actuar, pois é através delas que as sociedades entram em colapso ou são bem sucedidas. O estudo do comportamento dessas variáveis ocupa o autor em centenas de páginas.
Mas o que me interessa aqui, nesta brevíssima apresentação, é perceber que o padrão de pensamento de Jared Diamond integra variáveis como a desertificação, a erosão dos solos, a perda da sua fertilidade, os problemas ligados à gestão da água, o excesso de caça e pesca, o crescimento desordenado da população, a mudança climática, o excesso de tóxinas no ambiente entre outras variáveis que debelitam as sociedades, conduzindo-as, no limite, ao "colapso".
Seguramente que o colapso do ex-Império Soviético teve raízes diferentes dos colapsos financeiros e económicos que hoje assistimos na América e pelo Norte da Europa - outrora rica, segura e sustentável no plano ambiental. Num ápice tudo se esfumou, e hoje andamos todos a lamentar-nos do mal que nos aconteceu, como se duma fatalidade se tratasse. Foi a incerteza que substituíu a certeza, o pessimismo que tomou o lugar da esperança e do optimismo.
Hoje o ambiente já não é de Guerra Fria, portanto aquele esforço financeiro constante para aplicar os recursos dos orçamentos de Estado em C & T virada para o campo militar já não existe de forma tão acentuada. Libertando esses recursos para uma gestão mais eficaz das economias e das sociedades apenas restam às instituições políticas e aos decisores que influenciam decisivamente o bem comum que só através de escolhas racionais e de melhores decisões públicas poderemos recuperar todos aqueles valores perdidos - mergulhados que estamos hoje em cada um dos nossos colapsos. Mormente a oposição em bloco que não se destaca com qualidade política para propôr soluções inovadoras, criativas e realistas para ajudar Portugal a sair da crise.
Seja como for, com maior ou menor realismo, o conceito - colapso - passou a integrar o nosso léxico, é hoje presença na gramática política e, infelizmente, assenta que nem uma luva na desgraça que aconteceu ao mundo dito afluente nos últimos anos. E só por isso - teremos matéria para meditar por uma longa e dura década.
Com menos colapsos, de preferência...
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