quinta-feira

As leituras de Pedro Passos Coelho: o second life

Consta (aqui) que Pedro Passos Coelho além de ser o "jovem mais velho" do PSD, dado que já é uma esperança política desde a década de 80 do séc. XX (misteriosos são os caminhos da liderança...) - trouxe agora uma inovação literária para a ribalta política. Referiu ter lido a "Fenomenologia do Ser" - atribuindo a sua autoria - não a Pacheco Pereira (grande expert em comunismo) mas, pasme-se, ao filósofo existencialista Jean Paul Sartre. Par azard, a dita obra não existe. O que existe é uma corrente fenomenológica que versa sobre a intencionalidade da consciência do homem, que visa interpretar os fenómenos que se apresentam à sua percepção.
Provavelmente, Passos Coelho ao olhar para a líder Ferreira Leite deve ver um monte de escombros, uma espécie de ruínas de guerra que o confrontam no seu processo de aprendizagem pondo em acção o "sujeito" e o "objecto". Talvez isso justifique o lapso de Coelho imputando a Sartre uma obra que não existindo - existe uma corrente fenomenológica que, no seu caso e contexto social, revela um desastre político designado Ferreira leite.
Nessa óptica, e tomando vantagem dum erro ou lapso, Passos Coelho deveria até ter lido Edmund Husserl, Martin Heideger, o velho-zarolho Sartre (que em rigor apenas veio dizer que a existência é prévia à essência, nada de novo, portanto!!!) ou ainda M. Merleau-Ponty. Talvez Coelho tivesse tudo isso em mente, e mais: que Michel Foucault foi visto no último Congresso do PCP no Campo Pequeno a fazer uma pega de caras integrado nos forcados da Golegã..., ou de Vila Franca de Xira, já não sei bem...
Do jovem Coelho tudo é esperado, afinal ele anda há quase 30 anos para se candidatar à liderança do PSD, e em vez do jornalista lhe perguntar quando é que acha que o destino deveria despachar a srª Leite para casa e aí tratar do netinho e fazer o bacalhau espiritual, perguntam a Passos Coelho coisas que ele nunca leu nem existem nos contornos referidos. Pode ser que Passos Coelho entre por esta via para o Second Life..., a fim de atingir as verdadeiras essências da vida, tornando tudo muito mais inteligível, captando o mundo na sua globalidade.
Cavaco também baralhava o número de estrofes de Os Lusíadas, muitos jovens em Portugal acham que Otelo Saraiva de Carvalho é que foi o verdadeiro Salazar, este, por sinal, "foi" o nome de um Hotel para muitos outros...
No fundo quem é que ainda não baralhou referências? Não misturou nomes de autores? Contudo, ficámos a saber que Passos Coelho leu primeiro os clássicos franceses, como Voltaire, e só depois mergulhou na literatura passional e realista de Camilo ou Eça. É um prematuro este rapaz.
Só falta perguntar-lhe que conclusões extraíu de Franz Kafka após ter lido O Processo... Talvez tenha sido aí que o Congresso de Guimarães do PSD se tenha inspirado para consagrar esse "absurdo" chamado Ferreira Leite. Portanto, Coelho não se enganou, ele apenas trocou as referências, e ao pensar na sua líder (a srª Ferreira) veio-lhe à cabeça o absurdo do Kafka narrado n' O Processo. Em rigor, Passos Coelho não é inculto, nem trapalhão, nem sequer quis armar-se aos cucos revelando uma cultura universal que, de facto, não tem; ele apenas sofre de aceleração mental, mecanismo que o empurra para tais dislates. Foi mais um. Por vezes é o preço que se paga entre abrir a boca e estar calado...
No fundo, temos de desculpar ao Pedro essas errâncias, tais imprecisões epistemológicas, como quem reinventa a roda, o fogo, a história, a literatura, a filosofia e a evolução das ideias que formatam as grandes dinâmicas políticas dos últimos três séculos.
O Pedro primeiro andou na jotinha laranja, por lá fez vida, partidarizou, intrigou, organizou, conspirou, idealizou, enfim, sonhou - e descambou num pesadelo. E só aos 30 anos, quando era suposto já estar licenciado, é que ele resolve demandar a Lusíada, essa universidade povoada de ex-salazaristas (embora também tenha gente boa) - e começar a fazer a sua licenciatura. É óbvio que neste circunstancialismo invertido algo teria de falhar. Foi a Fenomenologia que o traíu. C' est pas grave...
Pior seria afirmar que Ferreira leite antes de falar aos media e apresentar o seu pacote de medidas anti-crise vai dar uma voltinha de carrinhos-de-choque na Feira Popular e bebe uma garrafa de Aguardente Velha. Isto sim, seria injurioso... Até porque não existem provas de que a srª goste da pomada.
Grave mesmo é ele continuar a ser o jovem mais velho do PSD, e quando deveria assumir a liderança do partido - soçobra para esse elemento estranho ao corpo político revelando sinistralidade política representado por Ferreira leite. Este erro político ao pé de asneiras como dizer que Maquiavel terá escrito A Jangada de Pedra, atribuir a saramago a autoria da Bíblia, a Jesus Cristo o Livro do Pantagruel, ou mesmo afirmar que a Lili Caneças escreveu a História concisa de Portugal a meias com José Hermano Saraiva entre Palmela e uma das torres do castelo de Marvão - são peanuts...
Quem está quase 30 anos em "águas de bacalhau" a aguardar pela sua vez para se candidatar à liderança do psd, até é capaz de asseverar que a manuela Ferreira Leite foi a verdadeira autora do famoso Código de Condução da autoria de João Catatau - quando a srª Leite nem sequer a carta de condução tem. E anda a pé, e mal...
No fundo, tudo isto é relativo, logo desculpável... Hoje até podemos ter várias vidas, acreditar em Jesus Cristo e em Buda ao mesmo tempo, casar várias vezes, ser gay alternadamente com heterosexual (como afiança a Fernanda Câncio), gostar de Montanha Russa e ter vertigens e, como nota final, afiançar que este texto foi escrito a meias com o Passos Coelho e o Sartre cabendo a sua revisão técnica ao Fernando Pessoa - alí no Martinho da Arcada - por entre copos de três e alguns pirolitos e cartas d' amor para a Ofélia.
Hoje o espaço para a fantasia é limitado.
Eu até posso afirmar que o Pedro não cresceu e quando fala não passa dum ventríloco bem intencionado do alter-ego do eloquente Ângelo Correia, e que este quando pensa é sempre inspi$ado nos capitais das arábias - que hoje tanta falta fazem à economia nacional.
Por mim, o Pedro até pode dizer que viu o Eça na Lapa a recolher assinaturas para agendar um Congresso extraordinário do PSD a fim de consagrar esse jovem-velho que um dia meteu na cabeça que seria líder do PSD. Só não disse quando...
O Barroso safou-se com uma formulação semelhante... E depois de ter vendido a alma ao diabo, lá emigrou para Bruxelas. Ainda bem, assim inferniza a vida aos europeus deixando os portugueses um pouco mais tranquilos.
Já agora, também se poderia afirmar, com tom severo e grave, que foi Durão o autor do livro O meu Pipi... que é de autoria desconhecida, embora se presuma seja pertença do Gato Fedorento (em particular, o Ricardo Araújo).
Eu até posso afirmar que sou um misto de Brad Pitt e de Jesus Cristo Superstar a andar de skate na Alameda D. Afonso Henriques e o Pedro Passos Coelho um puto giro, com pose mas, na realidade, não tem nada na cabeça.
Dito doutro modo: valerá tanto como político como o Mário crespo como jornalista. Estão mesmo bem um para o outro, talvez por isso se entrevistem mutuamente.
No fundo, esta croniqueta nunca existiu, e quem a lê apenas está com uma tremenda ilusão. Se forem muitos, já é mais grave...
PS: Aproveito para enviar cumprimentos à Margarida Marante (na imagem supra) que foi uma grande jornalista na área política nos idos 80s. Foi uma pena ter desaparecido de cena. Há mulheres que nunca deveriam "casar"...
PS1: Já agora, se perguntarem ao Pedro quem escreveu A Insustentável Leveza do Ser, ele que responda que foi o Vaclav Havel, que se lixe o Kundera...
Jesus Cristo também não tinha biblioteca, como diria o outro...