sexta-feira

Santana Lopes e Gonçalos Amaral: pontos em comum

O que eles têm em comum?
Até à pouco tempo quem se lembrasse do nome de Pedro Santana Lopes ligava-o à imagem do pior Primeiro-Ministro do Portugal pós-25 de Abril que também, para agravar as coisas, foi um mau edil de Lisboa - seja no plano da gestão política, seja no acompanhamento dos dossiers mais concretos que afectaram sobremaneira a governação sectorial da cidade (finanças, urbanismo, etc).
De Gonçalo Amaral a imagem emerge colada à investigação criminal dos casos "Maddie" e "Joana" e não vou aqui recuperar o que foi dito e escrito porque isso é do conhecimento público. Foram doses cavalares de informação que enjoaram os portugueses. Em certos aspectos até denegriu a imagem externa de Portugal deixando uma marca negativa no turismo que se fazia no Allgarve - dadas as conexões à pedofilia que, alegadamente, um dos casos suscitou.
Mas o que é relevante nesta reflexão é que em nenhum dos candidatos a competência e a eficácia e até a salvaguarda dos legítimos interesses das populações foram valores-guia, porventura a inspirar outros para acção: seja no domínio autárquico, seja na esfera da investigação criminal realizada em Portugal.
Antes pelo contrário: Lopes deixou Lisboa num caos financeiro e urbanístico e Gonçalo Amaral não conseguiu prestigiar a forma como a investigação criminal se debruçou nos casos mais sonantes em Portugal dos últimos dois anos.
Hoje um e outro aparecem como candidatos autárquicos: um na capital pelo psd, o outro em Olhão - patrocinado pelo mesmo partido. Mas o mais curioso é que têm ambos em comum a circunstância das respectivas candidaturas dividirem mais o partido que os propôs do que serem capazes de gerar consensos e apresentar uma ideia estruturada de cidade para o séc. XXI.
A candidatura de Santana a Lisboa foi tão problemática que Ferreira leite mandou-o calar várias vezes, foi necessário Santana manobrar a Distrital de Lisboa do psd - e através das bases (desavindas) impôr essa decisão à líder que, forçada, cedeu e lá o aceitou com o partido esfrangalhado por mais esta má decisão; relativamente a Gonçalo Amaral - o seu nome para candidato a uma autarquia é tão surpreendente como pedirem ao Cristiano Ronaldo para ir fazer investigação criminal para a PJ. Ou seja, a bota não bate com a perdigota...
Um e outro "inovam" - pela negativa - naquilo que aqui temos designado pelo absurdo em política ou a normalidade da anormalidade.
Temos de convir que este tipo de inovações e fantasias (de políticos em fim de carreira, outros a tentar iniciar) não são bons prenúncios para a democracia da república pela falta de garantias que oferece, nem para poder local e para as populações que, seguramente, também não beneficiam nada com este tipo de experimentalismo político baseado no vedetismo televisivo que parece mais guindado pelo preceito de que o povo (supostamente) quer é pão e circo...
Que é, na verdade, o que estes dois candidatos têm para oferecer às respectivas populações no arranque deste ano problemático de 2009