sexta-feira

O túnel da decisão: os 7 pecados capitais

A incerteza do mundo político e empresarial exige processos de tomada de decisão tão criativos quanto inovadores, o que obriga o decisor a rever alguns dos seus velhos pressupostos (de mero custo/benefício) nesse processo e a adoptar um novo esquema decisional com vista a diminuir o tal quadro de incerteza político e empresarial que hoje baliza as decisões macro e meso na polis. Vejamos alguns desses vectores com a finalidade de poder construir um novo esquema operacional da decisão em contexto de grandes organizações.

Trata-se, no fundo, de descobrir mecanismos heurísticos para facilitar novos túneis mentais para melhor ligar os efeitos cognitivos e reduzir a irracionalidade e a incerteza no campo operacional do processo de tomada de decisões. Ou seja, saber como diminuir o campo da incerteza e risco e afastar a ilusão do saber que é posto à prova em cada tomada de decisão.

Vejamos alguns desses vectores anti-incerteza úteis ao decisor político:

  • Eliminar o excesso de confiança e certeza na decisão que vai tomar (overconfidence)
  • (afinar) o Pensamento mágico (illusory correlations)
  • Sentido de previsibilidade (predicatbility in hindsight)
  • Ancoragem (anchoring)
  • Facilidade de representação (easy of representation)
  • Daltonismo da probabilidade (probability blindness)
  • Manipulação das crenças através de guiões (recondideration under suitable scripts)

Construir uma ponte, planear a execução de um museu, planear a construção de um jardim, identificar a localização para uma estação de resíduos sólidos são apenas alguns exemplos que exige uma intensa planificação urbana que pressupõe uma grande componente política na sua concepção geral.

São, em rigor, tarefas que exigem cadeias de raciocínios ao mesmo tempo simples e complexas que exigem o tal planeamento político com uma forte componente técnica na sua preparação, debate, deliberação e, por fim, execução.

Ou seja, são decisões que convocam o conhecimento da história, do direito, da gestão e do planeamento, da economia, da sociologia, da política, das estatísticas e o mais.

Apenas aqui chamamos a atenção para a necessidade de no quadro de cada processo de tomada de decisão ter em conta aquelas 7 variáveis - que podem ter a virtude de nos afastar do perigo da incerteza e do risco, sem que isso signifique abolir a incerteza total de qualquer decisão humana.

Mas uma coisa é certa: ao vermos um acidente, nem sempre abrandamos, mas é esse acidente que torna objectivamente mais provável não virmos a ser a próxima vítima.

É óbvio que se continuarão a cometer erros de percepção, a tomar decisões irracionais, a penalizar (involuntariamente) o chamado interesse público, mas se por cada decisão que se tomar se tiver em linha de conta aquela tabela de probabilidades a fim de diminuir os riscos e a incerteza no campo estratégico das decisões - as possibilidades de o decisor cometer erros será menor.

Observar aquela grelha é, na prática, sofisticar o processo de tomada de decisão tendo por base a construção do túnel da decisão - o tal mecanismo heurístico que visa erradicar a ilusão cognitiva e a ilusão do poder (conexa) e a acertar mais do que a falhar.

Ainda que a verdade, como diria Vergílio Ferreira, seja um erro a aguardar vez na imensa fila da incerteza.