quinta-feira

O camarada Jerónimo de Sousa vai à RTP...

Será a sua 1ª grande entrevista pós-Congresso do PCP no Campo Pequeno. Será uma oportunidade para rebobinar a cassete e voltar a riscar a agulha no já estafado disco de vinil que integra a gramática e o ideário comunista. Mas cada partido, cada líder tem, necessáriamente, de vender o seu peixinho, como faz o empresário, o vendedor, o advogado, ou o delegado de informação médica. Todos nós, no fundo, vendemos ideias e soluções uns aos outros, mas o que sempre me chocou nos PCs, e no PCP em particular - foi o seu acentuado efeito de fusão que visa destruir qualquer diferença no processo de comunicação entre os seus membros, instaurando um tipo de relação invulgar entre o manipulador e o manipulado.
Ao menos os militantes e simpatizantes do PS e do PSD (não refiro aqui o BE por se tratar de um partido de protesto anti-sistema) - sabem que são diferentes, pensam de modo diverso e até assumem a sua diversidade porque é, precisamente, esse pluralismo que conduz à diferença e enriquece as propostas globais que integram esses partidos. Mas o PCP é um partido invulgar, porventura, um dos PCs mais retrógrados do mundo (que não se conseguiu renovar e democratizar).
Ora, é esse mecanismo de repetição que cria um sentimento de evidente manipulação - o qual esmaga qualquer forma de pensamento próprio e autónomo relativamente ao "colectivo". Talvez seja por essa razão, que o tal colectivo esmaga a diversidade e destroi a diferença, que o PCP é hoje em Portugal o único partido político verdadeiramente manipulador e deformador da realidade, ocultando cirúrgicamente certos factos históricamente comprometedores.
Mais logo na RTP, no programa com a dona Judite, o que iremos ver será uma amálgama afectiva e a promessa da criação do novo homem comunista na Terra. Por momentos, ainda vamos todos acreditar que Jerónimo vai dissertar sobre Jesus Cristo - o único verdadeiro comunista que viveu entre nós...
Mas Esse, segundo consta, dava liberdade de voto aos seus discípulos...
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*Odete Santos não foi apenas mais uma ex-deputada do PCP que serviu a causa de forma abnegada, é também uma mulher de cultura, uma amante do teatro e das artes, em particular da representação e da música, razão por que aqui lhe dedicamos The Scorpions - para cujo estilo parece convergir nesta sua nova fase pós-Congresso do PCP no Campo Pequeno.
The Scorpions - Hurricane 2000