sexta-feira

BPN recupera antigos clientes com juros altos. Um boa notícia para o BPN e para o sistema bancário

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PEDRO FERREIRA ESTEVES
GONÇALO VILLAVERDE
Nacionalização.
O 'chapéu' da CGD sobre o quase falido BPN está a ajudar no processo de recuperação do banco pela equipa liderada por Francisco Bandeira. Os juros altos que a instituição continua a oferecer e a segurança do banco público justificam o regresso de antigos clientes e a chegada de novos.
Em apenas três semanas, o nacionalizado BPN já começou a recuperar um pouco o fôlego, depois da crise que o atirou para uma situação de pré-falência iminente. Desde que a equipa da Caixa Geral de Depósitos (CGD) substituiu a direcção de Miguel Cadilhe, o banco já viu regressar metade dos clientes que havia perdido com a publicidade negativa provocada pela sua situação de iminente ruptura. E alguns são mesmo clientes que não tinham, no passado, qualquer ligação à instituição.
Segundo apurou o DN, os aforradores estão a ser atraídos pela conjugação de juros relativamente altos de alguns dos produtos antigos (altamente competitivos) com a segurança que o processo de nacionalização lhes deu. Recorde-se que o presidente do banco, Francisco Bandeira, afirmou, poucos dias depois de ter chegado à presidência da instituição, que tencionava equiparar os produtos do BPN com os da CGD. Ou seja, baixar os juros dos depósitos e outras soluções de aforro do banco nacionalizado para os níveis mais conservadores da oferta da instituição pública. Porém, essa mudança está a ser feita de forma gradual e lenta, para não afastar os clientes que ficaram no banco, apesar do conturbado processo por que passou.
O regresso dos clientes está a ser feito de forma transversal na instituição, tanto a nível de depositantes através da rede de balcões, como no caso de grandes clientes, com patrimónios mais elevados.
No caso da gestão carteiras de alguma dimensão, um cliente confidenciou ao DN que, durante o período de maiores convulsões mediáticas em torno do banco, retirou todo o seu património ali colocado. Entretanto, depois da nacionalização, não só fez regressar a parte que tinha estado colocada no BPN, como reforçou esse património, transferindo-o de outros bancos.
Esta ligeira recuperação da actividade normal do banco não está, contudo, a atingir todas as áreas da instituição. Uma das que ainda continua a enfrentar problemas sérios no seu dia-a-dia é a da gestão de fundos, com os volumes de resgates a manterem sob pressão o trabalho do gestores. Apesar de a CGD já ter injectado mais de 100 milhões em liquidez, a contínua desvalorização dos activos está a colocar obstáculos ao pagamento dos resgates dos clientes.
Recorde-se que, desde que a nova equipa de gestores entrou no BPN, o banco já recebeu mais de mil milhões de euros em injecções de liquidez intermediadas pela CGD. Uma verba que está a ser utilizada para compensar as perdas provocadas pela crise financeira dos mercados internacionais, mas também pela saída de clientes assustados com a situação a que tinha chegado o BPN.
Entretanto, a equipa de Francisco Bandeira continua a trabalhar no levantamento total da situação do banco, devendo apresentar em meados de Janeiro a solução para o seu destino. As opções oscilam entre a reprivatização total ou parcial, sendo que alguns dos activos do banco despertam o interesse dos gestores da CGD
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Obs: Apesar das dificuldades a performance de recuperação de activos do BPN é notável. Pergunte-se a Luís Figo, o conhecido futebolista e antigo detentor de 2% do capital do banco - se já retirou de lá o seu capital ou se, pelo contrário, reforçou a sua posição...
Bendita nacionalização.