terça-feira

Ferreira Leite e o síndrome da sinistralidade política: um conceito emergente

A sombra de Ferreira Leite (en)sombra a juventude Social Democrata. Tema da prelecção (medíocre, como todas): Sócrates. Dissertar sobre Portugal = ZERO. Dizem que a srª Leite (ainda) é candidata a PM, mas quem conhece alguma coisa de política sabe que a srª não passa duma transição breve e passageira que não deixará memória. Será uma metáfora dela própria no jogo das antíteses Democracia vs Ditadura em busca das Reformas - que o Sócrates lá vai fazendo no rectângulo.
Esta semana a srª Ferreira Leite esteve algures no País falando aos jovens sociais-democratas (que dormiam na plateia, como os mirones do PCP no Campo Pequeno - que só acordavam na hora de levantar e cerrar o punho). A ideia era desancar em Sócrates, aliás, a srª nem dorme só a pensar nele, e debitar uma uma catadupa de ofensas (mais pessoais do que políticas) - que destruísse o carácter do PM e revelasse ao País que Leite é uma líder à séria. Mas das ideias, dos projectos, dos planos intersectoriais alternativos para a governação - nem uma só ficou no seu mapa discursivo, que mais parecia um deserto.
Ora, se Ferreira leite critica os sound bytes do PM - perguntamo-nos por que razão ela própria recorre aquela linguagem (inclusa na imagem supra) para também criar um efeito equivalente na opinião pública?!
Esta disfunção na personalidade e na gramática política de Ferreira leite leva-nos a concluir que ela procura fazer o teatro pelo antiteatro, representar por uma espécie de anti-representação, provar uma pedagogia por uma veia mui anti-pedagógica que lhe é conatural.
Enfim, Ferreira leite - ensaia no espaço público o papel de Freud de Sócrates, só que, afinal, quem acaba deitada no divã do psicanalista é ela, revelando que já não é só da governação, do país e da política que não sabe, mas, simplesmente, de falar um português corrente.
Ainda assim, isto não explica por que razão a actual líder do psd é tão mediana nas suas representações no espaço público. Vejamos: para sobreviver politicamente Leite tem de afirmar ao mundo que tudo em seu redor é um câncer. Todos os poderes, todas as instituições são teorizados pela srª leite pela negativa, para tentar, por efeito de simulação de morte política, escapar à sua própria agonia real.
Quer dizer, quando Leite diz que o poder pode encarnar a sua morte, ela apenas procura reencontrar um vislumbre da sua própria existência e legitimidade interna no partido - que se divide em apoiá-la, tolerando-a. E como Leite não tem ideias de tipo algum - limita-se a improvisar fora do papel, e quando tal sucede temos o que se sabe: "suspensão da democracia por semestre".., mais um acto falhado.
Por efeito de contraste, quando, por exemplo, um Kennedy morria noutra latitude era uma dimensão da política que ficava, mas o mesmo já não sucedera com Lindon Johnson, Richard Nixon ou mesmo Ford. Estes já não tiveram direito senão a atentados fantoches, a simulacros.
Ora, mal comparado, Ferreira leite prefigura essa dimensão mais artificial da política, a futilidade e a vacuidade na esfera pública conhecem a sua assinatura. Portugal empobrece politicamente só pelo facto de ter no maior partido da oposição a srª Ferreira leite na sua direcção.
Numa palavra: Leite é um manequim de poder, e nada mais faz do que se esforçar miseravelmente por morrer - a fim de preservar a graça do poder. Mas está perdida. Ela própria o sabe sempre que faz uma aparição pública. Foi o pior recurso de recurso - mas que em homenagem ao baronato do psd e ao síndrome do mais velho acabou por ser engolido no Congresso de Guimarães, e logo aí - berço de fundação da nacionalidade e identidade nacionais.
É por isso que leite representa hoje mais uma ameaça para ela própria e para o psd do que para qualquer outro partido ou player político. Muito menos para Sócrates, em relação a quem o efeito de contraste é fatal para ela.
No fundo, em Guimarães um conjunto de pessoas bem intencionadas procuravam apenas sangue fresco e encontraram a morte. É isto que é trágico hoje na vida e história do PSD, o partido de Sá Carneiro. O PSD tenta relançar o ciclo do crescimento, da modernização e do desenvolvimento - e pela frente tem uma solução-alibi chamada Ferreira leite - que representa o oposto: negatividade, antipoder, inabilidade e até irresponsabilidade - quando se manifesta incapaz de apresentar os enunciados que o PSD tem para o País para os próximos anos.
Custa-me dizer isto, mas a srª Ferreira leite é um nado-morto político em Portugal. E o mais grave, é que é esta a imagem que ela dá de si aos jovens deste nosso querido Portugal, como diria o Eça...
Ao efeito combinado deste emaranhado de disparates e insuficiências designamos aqui de sinistralidade política.

Contemporâneos - Gafes:Manuela Ferreira Leite

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