segunda-feira

Breves sobre o NS de António Vitorino

De derrota em derrota até à vitória final do socialismo - e depois do comunismo - sobre o capitalismo que coincidiria com a própria destruição do Estado. Nesse momento o PCP e Jerónimo de Sousa e Odete santos já poderiam declamar uns poemas de Flor Bela Espanca e desenhar um mapa azul no céu e proclamar ao mundo que nunca mais voltaria a chover na terra.
De resto, a lição de 80 anos de comunismo soviético na ex-URSS foi um "belo" exemplo para a política, para a economia e a sociedade - com milhões de assassínios e presos políticos nos gulags, fome, purgas e um modelo de sociedade verdadeiramente terceiro-mundista, de par com uma intensa corrupção (e capitalismo) de Estado de que os regimes comunistas do Centro e Leste europeu se fizeram eco. Infelizmente, o PCP ainda não entendeu a lição da história, e persiste nas velhas receitas de gastronomia soviética com tiques de Coreia do Norte e apimentadas por Havana e Pequim.
Mas importa recentrar estas breves passagens ao Notas Soltas de AV na RTP:
1. O comunismo vai derrotar o capitalismo com a foice e o martelo (digo eu), depois regressamos todos à economia de escambo: a moeda sairá de circulação e Jerónimo irá cultivar os campos de milho e centeio para alimentar as cidades numa 2ª revolução industrial
2. O PCP é que quer fazer a convergência da esquerda porque está à mais tempo no mercado político, por isso não tolera essa pretensão ao BE - que é uma espécie de albergue espanhol. Portanto, a haver convergência ela será realizada sob o guarda-chuva da CDU com o PCP a telecomandar os fios do poder nessa eventual convergência de esquerda;
3. O PCP também não tolera Alegre, de resto creio mesmo que o poeta já não se tolera a ele próprio, e se ele anda por aí a desafiar as moscas é porque não sabe o que há-de fazer às mãos. Alegre é poeta e é como tal que deve ser entendido, e lá porque teve 1 milhão de votos nas últimas presidenciais - tal não significa que hoje tivesse 20 mil.
Na política também se aplicam algumas leis da física, do líquido se passa ao estado gasoso, ou seja, os votos de Alegre, assim como o seu potencial de apelo eleitoral - evaporou-se. Alegre faz o que faz na política à portuguesa por três ordens de razões: 1) capricho e vaidade pessoais; 2) chatear Sócrates e simular que tem poder negocial; 3) e ocupar boa parte do seu tempo já em simulação de pré-reforma. Alegre é poeta, não nos esqueçamos disso...
4. Em matéria de terrorismo a Índia sofreu um duro golpe, supõe-se que através de operacionais apoiados e treinados no país vizinho, o Paquistão - seu tradicional inimigo e também detentor de armas nucleares. O ataque ao hotel foi decalcado do modelo dos ataques da Al Qaeda, embora não o tivessem conseguido destruir, apesar do balanço do número de mortes ser dramático. Sobretudo vítimas de várias nacionalidades, incluindo judeus e com grande repercussão mediática para gerar o pânico global, que é um dos objectivos de terror psicológico que integra a cartilha terrorista. Especialmente, na era do terrorismo global, suicidário e catastrófico.
5. Facto que veio demonstrar que Obama tinha arazão - quando recentrava o seu receio no Paquistão. País em que os EUA terão de concentrar atenções estratégicas, o que também implicará um esforço em matéria de segurança & defesa da Europa nessa região do mundo.
Numa palavra, diria que o mundo continua perigoso, ainda que os intervalos de terror e de acções terroristas sejam hoje um pouco mais distendidas do que o eram quando W. tomou posse e governou esta América duma forma desastrosa.
Caberá a Obama apanhar os cacos, refazer o puzzle e devolver à República Imperial o poder, a influência e a autoridade perdidas nos últimos 8 anos de mandato sem visão nem estratégia representado por W.
Um personagem que hoje já ninguém quer cumprimentar nas cimeiras internacionais, e até Durão Barroso - que recebeu dele o principal apoio politico-diplomático na Cimeira dos Azores - para cavalgar a onda da Comissão Europeia - que seria muito melhor presidida pelo então Comissário António Vitorino - assobiou ao cochixo e fingiu que já não conhece G.W.Bush. Lamentável...
É por estas e por outras que quando vejo Barroso nos fora internacionais a ajeitar o queixo, com aquele seu peculiar tique de homem de Estado empertigado que compensa a falta de ideias e projectos com excesso de pose e léxico francês, me lembro sempre da famosa grande Porca de Rafael Bordalo Pinheiro - quando referia:
  • Cá pelo país está tudo diferente e tudo na mesma. As lutas pelo poder continuam. Os partidos sucedem-se. E que a política é como uma “grande porca". É na política que todos mamam. E como não chega para todos, parecem bacorinhos que se empurram para ver o que consegue apanhar uma teta.
    Consta que Barroso quer fazer um 2º mandato... Deve ser para escavacar o que resta da Europa residual - em que os tais planos de relançamento das economias do Velho Continente já deveriam ter sido há um ou dois anos, e não quando estamos todos (quase) em recessão.
    Voilá, o método Barroso - de apagar o fogo quando as labaredas atingiram o quintal.
    Enfim, quem conheceu a governação Barroso intra-muros também não pode estranhar muito o seu modus operandi lá fora. Só muda a geografia, a falta de ideias, projectos e visão para alterar o estatuto subordinado da Europa no mundo - é, agora, alavancado com esse tal plano de relançamento.
    Tenhamos fé...