Maimónides e o Guia dos Perplexos

De vez em quando temos a pretensão de aqui falar de algumas coisas sérias, o recurso a Moses Maimónides preenche esse meta-desejo, nem que seja para aquilatar melhor da estrutura da humanidade que temos e somos. A falta de pachorra para ler os vascos, os bastos, os júdices e outros oráculos de causas perdidas vira-nos para coisas essenciais, como a determinação da causa dos males e sofrimentos que atingem os homens, subtraindo peso à própria humanidade.

É aqui que entra Maimónides, que divide essas causas em três espécies, sendo o 1º desses males provocado pelo simples facto de o homem estar sujeito ao nascimento e à morte e ter um corpo; o 2º, os prejuízos que as pessoas causam umas às outras; e o 3º, os males que atraímos sobre nós mesmos, pelos nossos actos.

Este 3º tipo, diz Maimónides, é de longe o maior, e quase todas as queixas mencionadas pelos seres humanos quando lamentam o seu "destino" pertencem de facto a esta terceira categoria. Ou seja, o sofrimento que atribuímos a factores externos é provocado, na realidade, por nós próprios.

Hoje, a agenda política nacional ficou colonizada pela discussão acerca do casamento-gay. Pergunto-me em qual das categorias podemos enfiar esta discussão nesta elaboração acerca dos males de Maimónides?!