sexta-feira

O Portugal de Ferreira Leite em versão Alentejo: estratégia da aranha

Manuela Ferreira Leite ao longo destes 60 dias tem procurado convencer os portugueses duma tremenda falácia, ou melhor, duma auto-ilusão: a de que Leite tem vocação para a política, comporta um projecto para Portugal e sabe liderar.
Para tudo isso a senhora fecha com chave d' ouro: o silêncio. Mas também aqui ela tem azar: pois há aquele silêncio que oculta uma estratégia, um projecto, uma ideia alternativa para Portugal; e depois, há aquele outro tipo de silêncio disfarçado de estupidez natural e de presunção que, em rigor, esconde o vácuo de ideias que cruza a cabeça da srª Leite e de quem com ela tece os fios do silêncio, cuja coreografia será desmontada em Castelo de Vide este fim de semana.

No fundo, o que a srª Leite tentará fazer é seguir a estratégia da aranha, qual viúva negra, que consiste em nada propôr de novo e útil à governação na esperança que haja um tsunami no Governo, um Gustavo na economia, nas Finanças, no Ambiente, na Saúde, na Administração Interna, na Educação (em que a dita também é "expert") - para ela recolher os louros. Eis a estratégia actual do psd: esperar que uma catástrofe natural dê cabo do Governo para Leite capitalizar e oferecer-se aos portugueses como uma espécie de Protecção Civil disposta a salvar-nos dos escombros.
Em rigor, isto é uma estratégia suicida, embora seja este o cálculo maquiavélico do silêncio que António Borges e Aguiar Branco - dois colaboradores próximos - têm procurado defender e infundir na cabeça etérea de Ferreira leite.

Por isso, para Leite quanto mais crime, mais desemprego, mais endividamentos houver na sociedade portuguesa mais pretextos ela compila para apresentar a sua meia dose de reformas ao País e dizer que é a alternativa a Sócrates.

Enquanto esses desastres e acidentes naturais não ocorrem, ela vai multiplicando asneiras: pede a cabeça de Rui Pereira, denuncia em público conversas privadas que teve em Belém, acha que Portugal não deve integrar a rede de transportes rápidos europeus criticando o investimento em obras públicas, etc. Provavelmente, Ferreira Leite, se pudesse, até desejaria que uma Ponte entre-os-Rios - com o devido respeito pelas vítimas e seus familiares - caísse todos os dias em Portugal.
Por outro lado,
Leite diz que não é mulher de soundbytes, não gosta dos media e do estado espectáculo, odeia entrevistas e aperecer no Jet-7, mas neste fim de semana, para preencher a sua vacuidade intelectual e política - veremos a srª representar como se fosse uma debutante no Teatro A Barraca.

A peça..., já sabemos que é rasca, os actores são fracos e não sabem o guião, as luzes serão mornas - já ofuscadas pela chuva do Outono antecipado. Portanto, a estratégia da aranha viúva-negra de Ferreira leite (que disputará o tempo de antena com festa comunista do Avante, no Seixal) - de esperar que a vítima se enleie nos fios que ela teceu - revelar-se-á uma ruína antecipada, assim como é a sua própria liderança à frente do maior partido da oposição.

No fundo, Leite representa hoje aquele cego que corre numa floresta numa noite de breu em busca dum cristal. Para agravar a situação, os seus companheiros são todos cegos, e mesmo que não queira, ela colocou-se numa posição de tal modo frágil que até para contar mais uma mentirinha política a srª leite terá de hiper-dramatizar, sob pena de ninguém ter já paciência para a ver e ouvir (ver e ouvir, repito).

Resultado: amanhã e depois, apesar da chuva, a Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, arrisca-se a ir em peso dar umas tacadinhas de golfe para os campos do Melancia. Pelo menos é essa a ideia que transpira nos bastidores locais. E muitos deles, foram até mais longe: asseguraram presença apenas para ouvir a prestação de António Vitorino sobre a Europa.