terça-feira

"Marcelo Rebeleo de Sousa tem um problema de honestidade intelectual", Jaime Silva dixit...

Nota prévia do Macro:
Marcelo - sob aquela capa de falso humilde e de samaritano da Linha do Estorial - lá vai tentando atacar pessoalmente alguns ministros de Sócrates sem que isso aproveite ao PSD - que Marcelo ajudou (como ninguém) a destruir.
Na política, além de não ter obra representou um zero à esquerda: seja na mobilização do psd para os grandes desafios da modernidade que se colocavam a Portugal na dobra do milénio, seja nas alianças (artificiais) que tentou fazer com o cds do Paulinho das farturas, da lavoura, dos submarinos e, agora, dos combustíveis. Marcelo fez aquilo que mais ninguém faria só para se evidenciar, tornar-se notícia e, com isso, conquistar a Câmara Municipal de Lisboa em 1989. Deu o mergulho no Tejo e teve azar, Sampaio limpou a Capital e Marcelo regressou à análise - que por vezes confunde com combate e ataque político através a sua missa semanal. O ministro da Agricultura, Jaime Silva - certamente foi insensato e inoportuno nas suas declarações sobre alguns agricultores - (já que decorriam negociações com o Governo no quadro da Concertação Social) - mas disse uma verdade que quem anda na política sabe. Não foi cínico nem hipócrita, disse o que pensou, foi sincero e honesto. Coisas que Marcelo não tem na vida pública. Paulo Portas que o diga nos cozinhados das ementas de Belém para fazer caixas em semanários já extintos...
Não esqueço que há uns anos Marcelo apresentou um livro de Saramago na Fil da Junqueira, onde estava também Mário Soares. No final dessa apresentação - cuja média de idade deveria rondar os 70 anos, Saramago vira-se para Marcelo e diz-lhe: ó homem você com esse discurso e ainda se diz de direita!!! Você deveria estar era na esquerda". Marcelo fez duas coisas: engoliu em seco que nem um sapo e corou feito um tomate de Almeirim esborrachado em alcatrão. Ele deve-se lembrar, porque a situação foi deveras embaraçosa, e até Mário Soares, ao lado, se ria perdidamente...
Um pequeno exemplo da desonestidade política, intelectual e até ideológica do comentador-político ou do político comentador. Não resiste a fazer o pleno (na margem do vazio), querendo com isso agradar a gregos e a troianos (acabando por desagradar a todos). Até à festa do Avante vai. Não como quem vai beber uma cerveja ou comer um courate, e conviver naturalmente, pois um "betinho da linha" além de não se misturar com a plebe nem bebe cerveja nem come courates... Mas o Marcelo não resiste a passear o seu ego e o seu narcisismo do tamanho do mundo - e lá foi fazer o seu pézinho de dança na vã tentativa de amalgamar uns votinhos ao PCP para, um dia, o partido de Cunhal se lembrar dele para Belém. Marcelo é assim: um troca-tintas político que tanto está à direita como à esquerda procurando também ocupar o centro. Apesar do esforço, saíu da política pela nega do CDS, o partido do táxi - que o rejeitou politicamente para anos depois se coligar com Durão barroso.
Naturamente, isto gera trauma nas pessoas, e Marcelo é um traumatizado da política, por isso faz análise e ensina. Mas a sua "honestidade" intelectual (e analítica) vai mais longe: quando Marques Mendes não "acertava uma" e se imiscuía diáriamente nos assuntos internos da Câmara Municipal de Lisboa então presidida pelo prof. Carmona Rodrigues (apesar de ser um líder 140 vezes melhor do que Santana e Meneses) o "honesto" Marcelo lá vinha para a caixa negra naquelas missas domingueiras atribuir notas aos políticos que comentava, e a Marques Mendes - a quem tudo corria mal - atribuiu 16 Val. Por aqui vemos a sua honestidade.
Uma honestidade intelectual que rima com polaridade e uma certa esquizofrenia política. Preferia 10 mil vezes ser acusado de insensato político, ainda que dissesse a verdade, do que projectar na realidade uma aura de honestidade que, efectivamente, não teria.
E até na réplica, se notarmos bem - o ministro Jaime Silva (a quem o comentador já qualificou de competente) chegou para Marcelo - dizendo-lhe que lhe faltava a grandeza dos grandes políticos. E é a mais pura verdade. De resto, consabaidamente, Marcelo é mais odiado no próprio PSD do que entre os demais partidos do sistema político português.
Aquilo que o ministro da Agricultura lhe deveria ter chamado era aquilo que o próprio Marcelo chamou a Francisco Pinto Balsemão: "Lé-lé-da-Cuca", a quem depois teve de pedir desculpas. O arquitecto Saraiva, hoje a dirigir o Sol (e ex-Director do Expresso) - é que conhece bem a peça, e alguns portugueses - que felizmente não foram seus alunos, também...
Incluo-me no role desses felizardos. De resto, lavro aqui uma nota final: os livros de Ciência Política do analista - que ensina Direito - causam-me a mesma sensação que à generalidade das pessoas com dois palmos de testa neste País que conseguiram assistir 45 segundos ao XXXI Congresso do PSD em Guimarães: adormecimento.
Hoje, ou melhor, há já muitos anos, já só consigo assistir ao programa domingueiro do analista entre a dispensa e quarto dos fundos, entre o canal 2 e o Discovery...
Embora confesse aqui que sou fã da alta-vox de Flôr Pedroso - que é uma grande radialista e também uma jornalista qualificada. E consta que também é honesta e séria, como o ministro da Agricultura, Jaime Silva.

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Marcelo Rebelo de Sousa classificou o ministro da Agricultura como «o maior incompetente do mundo», considerando que encaixa numa figura do «direito que é a nulidade». Agora, Jaime Silva responde: «[Marcelo Rebelo de Sousa] Tem um problema de honestidade intelectual» e «falta-lhe a grandeza dos grandes políticos».
Em entrevista ao programa «Minuto a Minuto» do Rádio Clube Português, o ministro da Agricultura considerou que o comentador «foi longe demais. Acho que é uma falta de respeito. Ele já me chamou competentíssimo quando tomei posse».
Jaime Silva classificou ainda as atitudes de uma pessoa que se manifesta sobre alguém que não conhece de todo: «Há aqui um problema de honestidade intelectual, seguramente não tem os mesmos padrões de rigor e honestidade que são os meus».
Mas o ministro não ficou por aqui: «Ele é capaz de uma coisa e do seu contraditório. Falta-lhe a grandeza dos grandes políticos, que é o debate e o contraditório. Isto de num programa de entretenimento, um pouco quase como o Gato Fedorento, bater e fugir, não é de grandes políticos».