Assinalar o dia de Camões e das Comunidades lusas no mundo. A hispótese Gaia ciência pela mão do génio
Não conheço nenhum português, deste ou doutros tempos, em pessoa ou em memória, que conheça melhor a personalidade colectiva do povo português do que Luís Vaz de Camões, que terminou Os Lusíadas com uma palavra que ainda hoje, para mal dos nossos pecados, continua a tolher-nos: a inveja.
Poderíamos aproveitar o dia para encontrar ideias, soluções ou concursos para erradicar essa "virtude" da maneira de ser nacional.. que tanto tem penalizado o Estado, a sociedade, as empresas e as parcerias entre elas e as pessoas em geral no âmbito do seu projecto de sociedade.
Pelos seus excepcionais ditos, narrativas gloriosas, feitos e legado comemora-se hoje o dia de Camões e das Comunidades Portuguesas (alguns dizem da raça).
Recolhemos aqui um fragmento da sua valiosa Obra - sempre actual e portadora de lições que hoje bem poderiam reencontrar novo significado. Vejamos:
«Eu sou aquele oculto e grande Cabo - A quem vós chamais de Tormentório.»
Heróis trágico-marítimos; deuses mitológicos, paixões, intrigas, batalhas, aventuras e cobiças.
Histórias de um minúsculo Portugal em expansão, «mais do que prometia a força humana»...
Não tarda e é acusado, por compatriotas, de apropriação de dinheiro alheio. Camões tem de ir a Goa para responder a inquérito judicial. Camões também "metia a mão" no alheio, mas isso agora não interessa nada, como diria o outro. O importante é perscrutar o que Camões diria hoje à Humanidade? Que mensagem ele hoje partilharia com todos nós - intra e extra-muros!? Eis a grande questão que, a nosso ver, se coloca.
Essa é uma tarefa impossível de realizar, dado que uma interpretação de alguém é sempre um exercício imperfeito, mas à luz do que conhecemos desse génio cabe-nos arriscar um pouco e gerar um vaticínio próprio do tempo presente e das problemáticas que hoje vivemos. Nesse sentido, Camões continuaria a ter a mesma preocupação de sempre: pensar largo, colocar o presente no futuro sem, contudo, esquecer quem fomos, sem omitir o nosso passado. É possível que esta inteligência associada às três dimensões do tempo gerasse uma combinação poderosa para pensar a biosfera. E que as pessoas, devido à sua herança genética, ou à raça, como diria o "outro", estejam programadas para ser tão egoístas que o sentimento de responsabilidade global só venha a surgir tardiamente.
Os indivíduos colocam-se sempre a si próprios em primeiro lugar, em segundo lugar a família, em terceiro a raça e o resto do mundo num quarto lugar já muito distante. Hoje, porque o mundo encurtou e as suas conexões se intensificaram o que diz respeito ao mundo toca-nos directa e pessoalmente, essa lógica terá de ser repensada e articulada com as políticas públicas que os governos dos Estados concebem para gerir harmoniosamente as sociedades. Creio, portanto, que hoje Camões teria uma narrativa profundamente preocupada com a humanidade, mas no sentido de alterar o seu comportamento e padrão de vida, demasiado focalizado no presente, hiper-consumista e materialista, o que, se nada for feito, poderia representar um suicídio, levando com ela para morte inúmeras espécies diferentes. Ou seja, dando cabo da tão proclamada biodiversidade que se procura preservar. Tenho para mim que caso Camões hoje pudesse dizer algo - fá-lo-ía nos termos seguintes: o ambiente deverá ser preservado ao máximo, mas sem nunca entravar o desenvolvimento das comunidades humanas, o que obrigaria o homem e as comunidades científicas a que ele pertence a investir em força em novas soluções tecnológicas para substituir essa fonte de energia maluca, errática e objecto de grandes especulações, invejas, conflitos e guerras que é o petróleo. O Médio Oriente está como está por causa, em grande parte, do petróleo, o resto decorre das divergências religiosas (milenares) entre árabes e judeus e dos apoios e alianças que ambos recebem do exterior para prosseguir a sua causa de destruição recíproca. Camões jamais seria um ecofundamentalista, como hoje por aí se vê: tipos sem biografia, sem projecto de vida, sem qualquer identidade - por tudo e por nada - empunham uma bandeira para obstaculizar a construção duma ponte; empunham uma bandeira para impedir uma tourada; empunham uma bandeira porque não se fez um estudo de impacto ambiental em nome do gafanhoto de 18 asas e do passarinho de três vaginas que habita um qualquer ecosistema que ninguém conhece. Não pode ser!!! A "estória" se fosse entregue a este bicharada jamais progrediria, ou melhor, ainda viveríamos todos os fumos da civilização a vapor e do carvão. Anadaríamos ainda todos mascarrados, como barrotes queimados. Seríamos todos negros, por causa do carvão, bem-entendido!!! Camões hoje faria a diferença. Uma diferença assente na hipótese Gaia ciência, que em tempos foi defendida por James Lovelock - que deve o seu nome à deusa grega da Terra, cosmos. Essa hipótese sugere que o nosso planeta é uma entidade viva, que se corrige a si mesma, adaptando constantemente os elementos que a constituem a fim de restabelecer o equilíbrio. No entanto, Camões, na sua prudência, também teria a sagesse para nos advertir do seguinte: a hipótese Gaia não é uma panaceia automática, ela não garante a sobrevivência da nossa espécie a longo prazo e do planeta como um todo. Seria necessário alterar hábitos e comportamentos de consumo e, ao mesmo tempo, inovar e conceber novas fontes energéticas. Daí a necessidade de uma experiência mais transcendente, algo que unisse a nossa mentalidade numa sociedade global, unificasse o homem com Deus. Isso hoje passaria pela erradicação o mais rapidamente possível do petróleo. E seria ainda mais interessante imaginar Camões sentado sobre uma pipa de crude cantando a sua decadência, glosando a sua inoperacionalidade por os motores por esse mundo fora já não admitirem no seu processo de combustão essa pasta refinada que já pertence(ria) ao passado. Camões seria aquele que nos apontaria o caminho e cantaria a cor das fontes de energia que passariam a mover o mundo. Este novo mundo, que, por sua vez, daria novos mundos ao Mundo. Camões já não seria um génio da prosa e da poesia que, por vezes, administrava bem "o alheio", seria tão só uma luz. A luz que hoje todos nós precisamos, sob pena de contiuarmos cegos...
<< Home