quinta-feira

Luís Filipe Meneses está a tremer que nem uma vara verde. Razão tinha Marques Mendes...

A ambição de quem não tem capacidade é um crime.

Chateaubriand
Tudo muda em política: as relações de força entre os países, a repartição da riqueza, o quadro das mentalidades e também as próprias circunstâncias políticas na luta pela captura e conservação do poder, assim como o modo de esgrimir argumentos - dentro e fora da sede parlamentar - em democracia pluralista. Tudo muda, portanto, entre os partidos, líderes e agentes sociais com peso político na sociedade.
Dito isto, é fácil perceber que estes dois players, Santana e Meneses - que juntos talvez valham 25% da capacidade de trabalho de Luís Marques Mendes (que cometeu o pecado capital chamado Lisboa) são, hoje, os principais obstáculos à recuperação do psd enquanto partido com vocação de poder e enquanto oposição credível, que faz falta como contraponto do PS. De resto, e enquanto no poder - estes dois partidos distinguem-se mais no plano das lideranças e do pragmatismo do que no plano das ideologias.
Sucede que Meneses - cada vez que aparece na opinião pública - só comete erros, aliás, ele próprio foi um erro no PSD, jamais deveria ter descido de Gaia para a capital, e Santana jamais deveria ter saído da Figueira-da-Foz - porque era lá que o seu élan funcionava, era lá, num meio mais pequeno, que ele se sentia grande.
Por outro lado, Meneses propõe asneira atrás de asneira, e com critério avulso: extinção da Pub. na RTP.. É óbvio que este erratismo teria de suscitar a dura oposição de Morais Sarmento (o patrono da RTP ao tempo de Durão) - e até já foi pugilista, toxicodependente (assumido, o que só lhe fica bem e revela carácter) além de homem-de-mão de Durão. E é hoje Sarmento que cilindra Meneses - que já vem sendo armadilhado pelo próprio Santana. Em 120 dias de oposição Meneses foi mais "reactivo do que pró-activo", segundo declarações de Sarmento. E é verdade. Isto revela um deserto de ideias e de estratégia do psd de Meneses e Santana, nem com as ajudas de agências de comunicação a fazerem o embrulho discursivo a Meneses - que já treme que nem vara verde.
No Expresso, também Manela Ferreira Leite diz que assim Meneses não chega a 2009. Santana, em privado, só deve dizer bem dele próprio - mas para o caso também não conta, posto que Santana só tem poder-de-fogo interno, mas uma incapacidade congénita de fazer moça no governo socialista em funções. O psd vive, portanto, uma guerra fratricidade nas estreitas ruas da Lapa, onde os encontrões são mais visíveis e as "facadas políticas" também. Não há espaço para mais...
Neste quadro, o psd vive, desde o 25 de Abril, a sua maior agonia de liderança de sempre. Por um lado, Cavaco "eucaliptou" (secou) eventuais líderes emergentes que não chegaram a eclodir na década de 80; por outro, Durão, com a sua fuga para Bruxelas (que deu pasto a uma ambição desmedida), acabou por fazer implodir o resto do edifício, de modo que hoje o psd é um "coxo, marreco que só vê duma vista e, ainda por cima, é maneta".
Como última medida política (avulsa) do psd de Meneses - sabe-se que este, desesperadamente, apoia a CGTP. Nestes termos:
Luís Filipe Menezses dá um inesperado apoio a uma estrutura sindival afecta à CGTP e afirma claramente: "Face à situação de descontentamento na educação, à perseguição de professores, ao clima de medo instaurado e à situação caricata de identificação dos docentes que falaram à televisão, tenho a certeza que a manifestação será um ponto de viragem irreversível na popularidade do Governo e na construção de uma mudança".in DN
Por este andar, caso Meneses se aguente até ao Verão, ainda iremos assistir ao camarada Carvalho da Silva da CGTP-In - abrir o Curso de Verão do PSD em Castelo de Vide - ao lado de Balsemão, para dissertar sobre as maldades da globalização predatória. Com Meneses assiste-se, pois, a mais esta novidade: uma certa comunização deste psd, o que não deixa de ser uma ironia do destino, sobretudo para quem, como ele, queria privatizar tudo.
Consabidamente, a educação em Portugal é um sector que não está estabilizado, apesar das inúmeras reformas em curso, e de algum capital-de-queixa legítimo dos professores (cuja carreira carece de dignificação), mas o facto, excepcional, de Meneses se colar a esta iniciativa sincidalista - afecta ao PCP - prenuncia uma catástrofe a curto prazo, desde logo abertura de múltiplas clivagens no psd, maior fosso entre Meneses & Santana, afastamento de algum eleitorado residual que assim se encaminha para o PS e, por todas estas razões, a criação de condições (objectivas e subjectivas) para se criar um caldo de cultura reivindicador de um Congresso antecipado para discutir, de novo, a liderança no psd.
Digamos, para concluir, que no PSD existe hoje um problema comum a Meneses e Santana que já foi, curiosamente, vaticinado por Cavaco há dois anos: Santana é hoje no psd a "má moeda" que quer expulsar a moeda pior personificada por Meneses; Meneses, por seu turno, entende que a pior moeda deve impedir o regresso da boa moeda, por isso diz que fica, nem que seja à força. Esperemos que não utilize o mesmo argumento dos Sulistas vs Nortistas... senão é que transforma a Lapa num autêntico Campo Pequeno!!!
Eis o drama do PSD: com MMendes fora, Marcelo a comentar, António Borges a ganhar bem na Goldman Sachs International - as Managing Director & Vice Chairman, Manela Ferreira Leites (apesar de ninguém a querer para líder) não se exime de afirmar a sua voz como reserva da Lapa para ir envenenando a atmosfera, Sarmento é apenas o pugilista de serviço de Durão - que amanhã (também) poderá servir para meter Santana K.O. Hoje, quando se olha para o PSD, até dá vontade de perguntar o que resta dele. E o que resta dele parece que é a Srª dona Zita Seabra e o António Preto!!! Eis os adversários de Sócrates nas legislativas de 2009... Pior seria impossível!!!
Como diria um amigo: onde fica o exílio...