quinta-feira

Câmara de Lisboa faz "engenheiria financeira" para pagar dívidas mais prementes

Como diria Luis Vaz... A necessidade aguça o engenho. E perante a falta de common sense do Trib. Contas - que agora se substitui à AML e faz pareceres políticos sobre planos de sanemaneto a 11 anos - houve que fazer esta engenheiria financeira para evitar prejuízos maiores aos credores. Atenção: engenheiria financeira, mas sem contabilidades criativas...
Câmara de Lisboa liberta 20,4 milhões de euros para pagar dívidas [link]
27.02.2008 - 18h38 Lusa
A Câmara de Lisboa aprovou hoje, por unanimidade, uma alteração ao orçamento da autarquia que liberta 20,4 milhões de euros para pagar as dívidas do município a 1287 empresas.
O presidente da câmara, António Costa, explicou que o dinheiro sai da verba prevista para pagar os juros do empréstimo de 360 milhões de euros destinado ao plano de saneamento financeiro que a autarquia pretendia contrair para saldar dívidas a fornecedores. O pedido acabaria por ser chumbado pelo Tribunal de Contas que considerou o plano insuficiente e mal sustentado.
"É incerto quando virá [o empréstimo], pelo que a câmara não irá utilizar para já este dinheiro para pagar juros", explicou António Costa.
Embora 15 milhões de euros estejam abrangidos pela mobilidade da verba reservada para os juros, os restantes 5,4 milhões terão que ser cobertos, sublinhou o autarca.
"O problema não está resolvido, o grosso da dívida continua por pagar", frisou António Costa, lembrando que os cem maiores credores da Câmara de Lisboa têm a haver 232 milhões de euros.
O edil reiterou a necessidade de os serviços da autarquia terem "um cumprimento escrupuloso do orçamento e contenção na despesa", uma vez que o orçamento da câmara é feito "a 12 meses e 'à pele', o que quer dizer que qualquer imprevisto gera uma pressão muito grande" sobre as contas, nomeadamente as cheias que se verificaram em Lisboa na semana passada.
A alteração hoje aprovada "esgota a capacidade de financiamento próprio" da câmara, havendo "incerteza na realização do orçamento" para este ano, admitiu António Costa.
Os 20,4 milhões hoje disponibilizados para pagar aos credores visam "responder a empresas com pressão muito grande" pela dívida que a câmara mantém.
António Costa destacou a situação igualmente difícil das empresas municipais, muitas vezes desvalorizada porque "são da casa", mas que acaba por criar dificuldades a outras empresas suas fornecedoras, configurando um "endividamento em cadeia".