Vai fumar na varanda, vai... Portugal virou um imenso Júlio de Matos
Fumar
Sempre soube que fumar mata...
Fumar no WC
Ainda hoje quando percorro a Av. de Roma de carro e tenha de parar nos semáforos da Av. do Brasil é fatal que os "génios à solta" do Júlio de Matos me peçam um cigarrinho pela janela do automóvel. Dava sempre uma moedinha ou um rebuçado, quando os tinha. Mas sabia que quando arrancasse eles supunham que eu é que era o verdadeiro doido. Eu é que deveria estar internado naquela inversão de papéis... Mas tudo bem. Hoje, quando cruzo a pé algumas das artérias de Lisboa e vejo esse espectáculo composto das multidões em fúria, nubeladas e esquizofrénicas à porta das empresas estabaqueando desalmadamente - como se aquilo fosse o seu último gesto de vida com prazer - lembro-me logo do Júlio de Matos, só que agora é Portugal inteiro que se converteu nessa imensa bola de fumo, como se fossemos todos doidos e escravos dum vício que, além de matar, é caro. E rouba mais um conjunto de propriedades físicas que agora a minha educação me impede de descrever. Portugal, em rigor, converteu-se numa imensa nuvem do Júlio de Matos. E quando não temos autonomia da vontade e ficamos escravos da nicotina acabamos por obedecer ao "outro" que há em nós, sendo que o melhor de nós acaba por submergir ante aquela mancha de alcatrão que nos matará mais depressa. Porquê?
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