segunda-feira

O regresso das Notas Soltas - por António Vitorino -

Retenho aqui algumas breves impressões que tirei do Notas Soltas de António Vitorino. A 1ª das quais, já conhecida, foi o tom de coabitação com que Cavaco fez o discurso de fim de Ano, com algumas críticas à mistura, de que o sector problemático da Saúde pontifica. De resto, o próprio ministro da pasta já anda há semanas a fazer o mea culpa, e mesmo que o PM não substitua Correia de campos, creio que é ´já o próprio que deseja sair, tal o desgaste. A Educação também se encontra numa situação semelhante.
Depois, a recorrente e polémica questão das desigualdades salariais entre alguns portugueses, embora a questão colocada por Belém implicasse discutir o salário de todos os portugueses e não a transparência e a governança das empresas que, em inúmeros casos, especialmente naqueles cujo sistema de transparência deixa muito a desejar, merecia uma meditação mais aturada. Embora entenda que a classe política é mal paga. Qual é o gestor de topo - a ganhar 3 ou 4 mil cts mês, que quer deixar a sua actividade de gestão no sector privado (ou até em empresas públicas onde os salários são elevados) para ganhar 1000 cts mês como ministro, com a agravante de ter a sua vida escrutinada a cada minuto, com os media a fazer de watch-dog. Poucos, certamente. Até os autarcas ganham mal, os veradores também, o que obrigaria a mexer em tudo, se levássemos à letra a tirada de Belém. Nesta óptica, até poderei pensar que Cavaco queria, no fundo, levar os portugueses a supôr que o PR também ganha mal...
Quanto ao bcp AV apresentou uma leitura (comparada) curiosa, pois se o BdP e a "CMV" (como diz Joe Berardo) não actuarem com celeridade no apuramento das responsabilidades de administradores e auditores, mais uma vez - por analogia ao caso Mady - Portugal, porque o bcp estava cotado na bolsa de NY, corre o risco de andar a reboque dos resultados das investigações das autoridades de supervisão dos EUA. Portanto, a "dona Constânça" que se mexa, pois até ao momento fica-se com a sensação que teve uma actuação laxista - que agora terá de ser acelerada para mostrar trabalho e punir os prevaricadores.
A questão das listas para o bcp teria de vir a lume, e dentro desta questão a equipa de Carlos Santos Ferreira e o perfil de Armando Vara - que tendo sido funcionário do banco não pode, por mero preconceito num País mesquinho e podre de invejosos, ser seu administrador. Não conheço Vara, mas os banqueiros da CGD teceram elogios à sua performance económica. O que terão os referidos banqueiros comentado sobre a fiscalista Celeste Cardona?!
Assim como todos nós reconhecemos algumas qualidades ao douto Marcelo, que fala, fala, fala, especialmente no domínio da análise política e mergulhos no Tejo, e não sendo versado em questões de táctica futebolística, tal não o inibe de também se abalançar aos fenómenos da Bola, onde manda os seus bitaites de "banqueiro anarquista", i.é, sem perceber nada do assunto diz umas coisas (enquanto teórico) mas depois tem de perguntar a quem realmente sabe.
Ora, os verdadeiros anarquistas são os que sendo teóricos metem também as mãos na massa e deixam alguma obra feita. É como os analistas, há os pseudo-analistas, depois há os analistas.
Mas anarquismo à parte, até porque nem o Ricardo Salgado nasceu banqueiro, fez-se, seria útil perguntar à América se o seu nível e desejo de mudança está mais alinhado para absorver um presidente negro na história da República Imperial ou de integrar na Sala Oval uma mulher!!??
Entre uma e outra opção, e sem nenhum machismo ou sexismo, confesso aqui que prefiro, de longe, ver Obama a mandar nos EUA do que a dona Hilária que em certos casos, já me faz lembrar o Marcelo a apresentar os livros de Saramago na FIL da Junqueira em que, no final, ante a cara de tomate de Marcelo, o escritor se vira para marcelo e diz-lhe: afinal, não percebeo por que razão o senhor se diz de direita...