sexta-feira

Uma evocação a Jorge Luís Borges: não sou feliz nem infeliz, vivo apenas...**

Depois de passarmos a semana a falar de gente menor, sem estatura humana nem dimensão intelectual ou política, mas que ocupa os cabeçalhos dos media e coloniza os espaços dos telejornais como sopa estragada que num ápice se derrama sobre colo de algum descuidado, é chegado o momento da purificação. E nada melhor do que evocar algumas condutas de Jorge Luís Borges, que guardava o dinheiro entre os livros. E com a passagem do tempo, com a sua vista a deteriorar-se, pedia ajuda à sua empregada para que o fizesse por ele.
Borges tinha um tremendo desprezo pelo dinheiro, mas escolhia os livros para lá guardar dólares, moedas de ouro - que a empregada também conhecia o paradeiro, a mesma que tinha por missão continuar a guardar o dinheiro nos livros como impedir que as pessoas que frequentavam a casa de Borges pudessem levar uns livros a mais...
O homem que fazia estas coisas era o mesmo que achava que o amor exige contínuos milagres e exige reciprocidade. Se se deixa de ver uma pessoa durante uns dias, podemos chegar a sentir-nos muito infelizes. Em contrapartida, uma amizade pode prescindir da frequência.
Era o mesmo Borges que, noutra passagem, dizia que ** não vivia feliz nem infeliz, apenas perplexo e activo.
Quantos de nós, hoje, e sempre, não pensam assim!!?
Post dedicado, obviamante, à memória de Jorge Luís Borges, um homem manifestamente superior.

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