O Gonçalo "agarra" bem a realidade
Agradeço ao Gonçalo este amável convite. Como escritor devo dizer que gosto da sua narrativa: curto, lapidar e com impacto nas nossas vidas. Deixa sempre uma nota impressiva. Valerá a pena ser acompanhado e meditado.
Quanto à reza/oração..., tenho para mim que uma qualquer preocupação que nos ocupe alguns minutos converte-se, automáticamente, em oração. E como passamos imenso tempo diante dos PCs admito que essas novas orações sejam partilhadas com os circuitos integrados desta nova caixa que revolucionou as nossas vidas.
Quantos de nós não recebem mails de pessoas que nunca viram contendo confidências que são verdadeiras rezas, sinais de vida, experiências e trajectos. Desabafos que elas próprias seriam incapazes de partilhar com a pessoa com quem dormem, ou com um amigo ou colega de trabalho...
Esta dialéctica espelha uma tensão de proximidade distância, localização vs mobilidade e de heterogeneidade vs integração que povoa as relações virtuais - cada vez mais reais - no Rizoma.
Rezar na Era da técnica..., mas será que as pessoas já rezavam (bem) na civilização pré-insdustrial.
A que religião hoje obedecemos, afinal? Senão à desse vil metal que se chama dinheiro?!
Será que o Gonçalo, como jovem escritor já com méritos firmados no mercado editorial, seria capaz de dar um sinal e inverter esta fórmula, i.é, revelar algum desprezo pelo dinheiro e pelos direitos de autor - fazendo, como por exemplo fazia Agostinho da Silva, ao ceder os seus direitos de autor, até porque nunca sabia quando é que aquelas ideias eram verdadeiramente suas...
E aqui o Gonçalo terá de parar para pensar, pois alguns dos seus livros estão recheados de filosofia Zen, e ele deveria lá referir esses tributos. Creio que uma vez, de raspão, disse-lhe isso mesmo numa breve apresentação em Carnaxide.
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