quarta-feira

"A minha agenda é privada" - enfatisa Luís Filipe Meneses

A minha agenda é privada - afirma Luís Filipes Meneses numa declaração aos media em contexto de avaliação de política autárquica e de combate de política nacional. Sempre pensei que os assuntos de natureza politico-partidária eram de interesse público, ao invés de sabermos se Meneses vai viajar com os filhos para o estrangeiro à custa duma conta da AR ou vai para o casino divertir-se ou a uma discoteca com uma namorada. Estes - sim - são aspectos privados (embora possam ter graves consequências penais e públicas), aqueles outros - porque (supostamente) vinculam o interessem comum e visam a prossecução do bem geral das populações - são de interesse público, apesar de as declarações de Meneses não comportarem nenhum interesse, sejam elas privadas ou públicas.
Aliás, é por causa dessa promiscuidade que impende sobre ele as graves acusações que já são conhecidas e, a serem provadas, implicariam sanções penais, morais e políticas, sobretudo para alguém que tem a pretensão de vir a ser PM de Portugal e não um cowboy de Gaia que se passeia impune diante da sua própria "privacidade" e "agendas privadas" como se a sua noção de política fosse uma coutada siciliana que desceu de Gaia e arrivou às estreitas ruas da Lapa.
Afinal, parece que Menezes, após aquela bujarda dos Nortistas vs Sulistas - não aprendeu rigorosamente nada em política, todos estes anos volvidos ainda continua a confundir a sua vidinha privada (completamente desinteressante e que só a ele diz respeito) com uma suposta agenda pública do psd - que ele, por vício de forma e também de fundo, continua a supôr que depende do seu próprio umbigo. Tamanho erro. Aqui as agências de comunicação que lhe vendem o fast-food que ele tem de debitar aos media falharam, deve ter sido no momento em que o consultor de imagem e marketing foi ao WC e esqueceu essa variável no "cabide" de Meneses, que é um neologismo que o Jumento inventou para catalogar a Evita de Gaia.
Meneses deveria ter lido o Editorial d'hoje do Jumento a propósito da presunção da inocência e ajustar-se à fórmula de que à mulher de César não basta sê-lo, tem de parecê-lo - para, desse modo, estar acima de qualquer suspeita.
Mas a suspeita de Meneses também deve ter uma natureza "privada", como a sua "agenda"...
Nem quero imaginar o que seria este Meneses amanhã à saída da AR, duma reunião internacional, duma Cimeira ou de um qualquer fórum que vinculasse públicamente Portugal - responder que isso é um assunto privado e virar as costas aos jornalistas, ou seja, mandar os portugueses à m.... Pois se assim fôr pergunto-me o que Meneses terá para dizer na intimidade do seu lar quando navega de pantufas no seu seio familiar por entre sofás, cafés e tvs.
Meneses, de facto, é uma versão rural post-modernista e nortista de Santana. Mas este tinha uma grande vantagem relativamente à Evita Peron de Gaia: tinha apertado a mão ao Sá Carneiro e dele recebeu uns bilhetes. Facto que obrigou Cavaco anos mais tarde a metê-lo no governo, mas nunca como ministro, sempre como secretário e subsecretário de Estado.
Cavaco lá sabia porquê, nós também...
Mas isto também é um assunto (com agenda) privada!!!
PS: Devo referir que esta reflexão esteve para assumir outro título: Meneses é o novo nado-morto da política à Portuguesa. Fica para memória futura.