sexta-feira

A hiper-realidade das imagens do Jumento.

Do visionamento destas imagens cada um de nós, se não formos ceguetas ou parvos, tem a obrigação de perguntar o que elas têm em comum - para além de pertencerem todas ao mesmo autor, o Jumento!?
Aqui teríamos uma bifurcação: ou dizemos que são imagens geniais, i.é, saem fora do molde (uma expressão igualmente genial de Umberto Eco), ou dizemos isso mas explicamos e enquadramos essa razão de ser que, em nossa opinião, aponta para aquilo que o filósofo francês Jean Baudrillard - (felecido há cerca de 3 meses) designou, e bem, de hiper-realidade. É dela que aqui hoje, por referência a estas imagens do Jumento, nos debruçamos.
Naturalmente, falar disto é evocar a teoria dos media, da sociologia da comunicação e, desse modo, conhecer o impacto dos modernos meios de comunicação de massa na opinião pública - nem sempre coincidente com a opinião publicada.
Desta feita, direi um lugar comum: o advento dos mass media, em particular dos meios electrónicos como a televisão, transformou a própria natureza das nossas vidas, mas também não é por isso que a natalidade decresceu. Além de que a televisão não nos representa, nem ao mundo..., basta pensar em Santana lopes na tv e nas coisas que ele ora intenta fazer, até para prejuízo do seu próprio líder.
A 2ª coisa que já não pense seja um lugar-comum remete para o seguinte: estas imagens, pelo seu efeito de criatogénese, i.é, de elevada concentração política, densidade sociológica e de grande côr e sociabilidade e rápida apreensão - orientada por uma técnica tão particular quanto poderosa - está, de facto, a alterar as percepções dos bloggers, analistas, comentadores, jornalistas e demais pessoas em Portugal. Até dos políticos e dos agentes sociais e económicos. Sim, porque hoje mesmo aqueles que dizem (não) ler blogues acabam por os ler, nem que seja para depois imitar as respectivas referências e fazer um lá em casa, entre a cozinha e a dispensa, e representarem a sua própria ideia de mundo.
Mas isto não explica nada do que tínhamos em mente. O que exige à análise um outro efeito de passagem com conclusões mais poderosas. Consideremos o famoso e trágico caso de O.J. Simpson, um caso judicial na América que se desenrolou em 1994 em L.A. Simpson, é negro e já se havia consagrado com estrela do futebol americano, mais tarde tornou-se conhecido mundialmente por ser actor e aparecer em vários filmes, designadamente a série Naked Gun (A Arma Nua). Depois foi acusado de ter assassinado a mulher, Nicole, e após um julgamento prolongado e transmitido em directo pela tv e visto mundialmente por milhões de pessoas, o homem foi ilibado.
Porquê, perguntamos nós!? O julgamento não decorreu, só, na própria sala do tribunal, pois tratou-se de um acontecimento que se projectou para fora daquele espaço formal de justiça, e, bem ou mal, catalisou milhões de telespectadores e analistas que comentaram, valoraram e ajuizaram aquele caso em directo.
Daqui decorre a "cereja no bolo", ou seja, aquele julgamento ilustra o que Jean Baudrillard chamou de Hiper-realidade, na medida em que a realidade, tal como a conhecíamos, povoada de acontecimentos, lugares e datas muito certinhas deixou de ter lugar nas nossas mentes, e em seu lugar irrompe uma nova camada de realidade - resultante de uma torrente de imagens nos ecrãns de tv à escala planetária, a mesma que acabou por influenciar e decidir de um acontecimento tão importante como o do assassínio de Nicole, que setenciou à inocência um tipo que era, de facto, um assassino, conforme a lógica dos factos expostos pela acusação.
Vejamos outro exemplo colhido de Baudrillard (em memória de quem dedicamos esta reflexão), que considerou a Guerra do Golfo algo que não existiu, i.é, o filósofo pretendeu significar que essa guerra (dromológica, hiper-rápida e sensológica) era diferente das outras guerras que aconteceram na história. Pois nesta tratava-se duma guerra de informação, feita de imagens que configuraram um espectáculo televisivo, quase um filme de ficção que permitiu a G.W.Bush empurrar Saddam Hussein para lá da linha de ocupação e libertar o Kuweit. Mas aqui o que contou foi o tipo de cobertura omnipresente feito pela CNN - que quando não cobre um acontecimento decreta, pura e simplesmente, que ele não existe, tal a lógica.
Dito isto, e compulsando os dois casos: o de O.J. Simpson com o da Guerra do Golfo, já nos encontramos em posição de ver para lá da linha de sombra e concluir pelo seguinte. De facto, hoje os media estão por todo o lado, e por força dessa situação económica, mercadológica, informacional, publicitária, comercial criou-se uma nova camada da realidade, ou seja, a tal Hiper-realidade - da qual depois emanam simulacros - que são imagens que só ganham sentido e significado a partir de outras imagens que, por sua vez, remetem para outras ainda numa cadeia imagética ininterrupta.
Nesta lógica, podemos afirmar: o nosso mundo, e também o mundo de imagens geniais partilhadas aqui pelo Jumento, e à borla, é um mundo de imagens, o qual só ganha o seu significado a partir de outras imagens que, por seu turno, contextualizam outras ainda.
Basta ver a boa vida do Pina Moura na 1ª imagem e o estilo finance-diesel-playboy que ele alí ostenta - mas que remete para o seu actual padrão de vida à frente da tvi;
Já noutro registo, atente-se no PM a oferecer portáteis a torto e a direito, sendo que aqui a hiper-realidade do Jumento, e já não havendo mais sítio na terra para os oferecer, teve de colocar o homem no espaço para continuar a sua saga computacional junto dos portugueses que estão cada vez mais ligados à net, embora nem sempre pelas melhores razões.
O Freitas na ambulância - por ocasião da sua operação às costelas que o obrigou a sair do governo - o que não deixou de ser curioso, pois quem se lembre da forma como fez depender a sua entrada nele (ou seja, só aceitaria ser MNE se Sócrates lhe dissesse préviamente quem era o elenco governativo) - a ironia do destino não deixou aqui de lavrar a sua sentença. Esperemos que Freitas já esteja ok, a ponto de poder fazer asa-Delta com MMendes no mar do Guincho.
Creio que em relação à srª ministra da Educ. pouco ou nada valerá a pena dizer, já que o "desastre" fala por si. Posto que a sua imagem remete para um turbilhão delas, e nenhuma, certamente, agrada aos professores, aos alunos e à comunidade pensante e pensável nesta República velha de quase um século como bem sistematiza o José Adelino Maltez no seu Tradição e Revolução Vol. II.
Dito de outro modo: as imagens verdadeiramente geniais que o Jumento aqui nos trás, e eu desconheço se ele tem a verdadeira noção disso, falam mais alto do que campanhas publicitárias, além de que hoje - entrando no marketing político - nenhum líder político da actualidade poderá ganhar eleições se não aparecer constantemente na televisão, já que a imagem televisiva desse líder acaba por representar a sua pessoa junto da multidão de espectadores e de potenciais eleitores que ele procura seduzir e conquistar o voto.
Mas as imagens que fazem a agrandeza e concedem a glória podem ser as mesmíssimas imagens que devolvem a miséria e a desgraça. Vejam hoje quem respeita o Santana Lopes na televisão (e fora dela)? Ninguém. Nem o dono da Sic que é o fundador e sócio nº 1 do seu próprio partido o respeitou. Aliás, deve ter sido até o primeiro a telefonar ao Ricardo C. a partir da Quinta da Marinha - para que este, por sua vez, orientasse a Ana Lourenço pela régie - de que o Santana era dispensável perante o cepo como o Mourinho - o tal que diz ser especial, You know... e ainda por cima lhe pagam contentores de dinheiro ao fim do mês. Que mundo injusto este...
Ora se ninguém respeita o Santana - que agora se anda a oferecer para ser o líder do grupo "para-lamentar" e assim se vingar das derrotas que sofreu às mãos de Sócrates, como é que alguém avisado e com dois palmos de testa neste país poderá respeitar o Meneses - que não passa duma versão rural e retardada do Santana - em Portugal?!
Infelizmente, isto também é um fragmento da hiper-realidade política que tolhe o nosso país, de quem o Eça dizia tanto mal e a mim me apetece - com gente desta, dizer o mesmo...
Hoje é o Dia da República: Viva PORTUGAL...