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A Janela da Alma - by MM -

A JANELA DA ALMA (cit., in MM-T., RGS)
De um certo modo “visão” e “conhecimento” são substantivos que se buscam mutuamente e que dialogam constantemente. Na visão das “coisas” e sua compreensão enquanto elemento, o “conhecer” é indispensável para o seu entendimento.
Platão, um dos filósofos da antiguidade, num de seus ensaios intitulado “O mito da caverna”, demonstra bem que no acto de compreender a dualidade “visão” e “conhecimento” somam-se, resultando numa só expressão da visão verdadeira, do ver absoluto.
Contudo, no documentário “A janela da alma” percebe-se que não é somente através dos olhos que o mundo pode ser interpretado, conhecido ou percebido.
Os sentidos, além da visão, são “instrumentos” que permitem o acto de ver além dos olhos. O tacto, olfacto, audição são canais que permitem perceber o mundo ainda que a visão não esteja presente.
A visão, portanto, não é só funcional, uma vez que toda a interpretação da linguagem, ainda que se refira puramente à imagem, é processada pelo cérebro. Podemos chamar a isto “visão interior”. A religião hindu já nos remete ao “3° olho”, isto é, perceber o mundo através dos sentimentos, dispensando o uso do olhar físico.
Não é a toa que se usam no quotidiano as expressões tais como: “cego de amor”, “cego de ódio”, “cego da razão”. Eis aqui uma prova de que os sentimentos ultrapassam os sentidos. Muitas vezes a visão interior pode ser reduzida a uma equação de igualdade onde a visão e a emoção se igualam.
O mundo contemporâneo é um mundo das imagens, que são divulgadas à exaustão quase sempre com a intenção de venda de qualquer coisa como produto, inclusive da figura humana. A banalização da imagem obriga-nos a repensar sobre a maneira de olhar, ver o mundo sob uma nova óptica, e não seguir a tradicional visão míope ou deturpada, como exemplo nos comerciais de cerveja, sempre vinculado à figura da mulher.
Em suma: a auto-estima, a identidade e a imagem de uma pessoa abstrai do acto de ver do ponto de vista funcional, visto que ela está alienada. Sendo assim uma pessoa deficiente visual ou que apresente cegueira total, por exemplo, percebe o mundo ao seu redor valendo-se de outros meios de percepção, inclusive com a “Janela da alma”.