As eleições em Lisboa. O que António Costa precisa é afirmar a sua autenticidade
É certo e sabido que António Costa do PS é o candidato que melhores condições políticas reúne para assumir as funções de Edil da Capital. Sucede, contudo, que a circunstância de ter sido orgânicamente o nº 2 do governo e o facto de Lisboa ser um espelho do País fazem com que se associe a António Costa um "peso" que, neste caso, pode pesar. E esse peso pode, eventualmente (dependerá da dinâmica da campanha e a forma como os debates e toda a comunicação política sair) fazer a diferença entre a maioria absoluta e a maioria relativa.
Por outro lado, a circunstância de o PM se associar/colar à campanha de AC também poderá ser lida de duas maneiras: de forma positiva e negativa, resta saber qual prevalecerá em termos de votos populares na hora "h". Se Sócrates aparecer AC ficará com o fardo de ter de defender e explicar algumas políticas públicas do governo que mexam mais directamente com o poder local; se ler apenas uma mensagem em écran gigante - tipo video-conferência à Bill Gates - também se poderá dizer que o PM poderia ter ajudado mais, à semelhança da Madeira em que os candidatos socialistas foram entregues à sua sorte. Seja como for, o fenómeno politico-eleitoral é irracional e contraditório, creio é que AC poderá fazer o seu trajecto pelo seu pé - porque isso autonomizá-lo-á ainda mais das tramas partidárias e dos jogos de influência entre o Estado, o partido e, desta feita, o poder local na sequência da queda do Executivo Carmona/MMendes. Quanto ao PSD encontra-se numa guerrinha fratricidade sem eira nem beira: vemos um Fernando "Pretão" trapalhão e com alguns restos do pior PsD das secções de voto de Benfica, glozando as suas próprias anedotas, pondo-se sistemáticamente em bicos de pés para disputar com António Costa a pool position mas, na realidade, com quem Negrão combate é com Carmona - ambos afilhados e/ou subprodutos políticos de MMendes. Embora carmona seja um híbrido, dado que foi primeiramente gerado por SLopes, um homem que até chegou a ser PM de Portugal, para os que ainda se lembram desse desastre político na sequência da fuga de Zé Barroso para Bruxelas com o apoio de Bush, Blair e Aznar - a troika da desgraça - que depois se agravou com a guerra do Iraque - em que o quarteto ficou com as mãos e as unhas manchadas de sangue.
Esta semana será dado o ponto de partida para a fase da campanha políticamente mais activa. A grande questão parece mesmo saber o que fará AC com uma maioria relativa e o que fará com uma maioria absoluta. Deverá dizer isso abertamente aos lisboetas, sem dramatizar em excesso. Naquele caso, provavelmente, em cada 10 medidas 7 serão vetadas; em contexto de maioria absoluta oito ou nove dessas medidas poderão vingar, e isso traduzir-se-á em ganhos políticos para as populações de Lisboa que assim verão os problemas de habitação, segurança, ambiente, cultura e outros melhor resolvidos.
Nesse sentido, e sem dramatizar sobremaneira, AC terá de dizer aos lisboetas o que pode fazer num caso (maioria absoluta) e o que o deixarão fazer noutro caso, (maioria relativa). Por vezes, a sinceridade em política paga, e há eleitores que apreciam essa forma transparente de fazer política.
Depois temos os falsos independentes animados pelo efeito da dupla-vingança - H.Roseta e Carmona - trabalham para as coligações que depois se vierem a ajustar em função dos resultados saídos das urnas. Roseta, sob a capa de grande altruísmo, quer vingar-se de Sócrates por este não lhe ter respondido à carta ou convidado a senhora para uma qualquer secretaria de Estado aquando da composição do governo em 2005.
Carmona, no mesmo registo mas com um passivo político mais grave, também se quer vingar de MMendes e do aparelho do PsD que o armadilhou: primeiro com as dezenas de nomeações políticas - resultantes dos favores cola-cartazes - injectadas por aquilo a que poderemos chamar o "efeito-António Preto" na autarquia lisboeta, depois para punir as constantes ingerências de MMendes na nomeação de boys que fizeram soçobrar a já débil liderança de Carmona e agravaram o défice camarário. Este dois efeitos conjugados integram uma dupla vingança: Roseta contra Sócrates; carmona contra Mendes/Negrão e é este o PSD que Negrão e Carmona representam.
A isto podemos designar peanuts políticos. Mas o grande desafio de António Costa, nestes tão breves quanto urgentes dois anos, será, porventura, além do saneamento das contas da Capital e arrumar a casa, fazer com que Lisboa ofereça aos ricos e aos sem-abrigo, aos doutorados e aos info-excluídos, no mesmo bairro, avenida e passeio um lugar de esperança nesta nova arrumação da Capital.
E quanto à putativa interferência política que a oposição irá certamente acusar AC por parte do governo para aí fazer a sua chicana política e fixar alguns votos, rogo a Deus que, desta vez, com Fernando Negrão como vereador, não sofra tantas pressões, interferências de MMendes (como sofreu Carmona) para transformar a Capital no Centro de Emprego da S. Caetano à Lapa.
E aqui a qualidade técnica e a independência da equipa de AC é, por si, um indicador fiável de que alí não há boys, existe sim é valor técnico acrescentado que, a breve prazo, poderá converter-se numa mais-valia política para a Capital e para os lisboetas que há anos não vêm a sua Lisboa brilhar, modernizar-se e desenvolver-se segundo os melhores padrões de urbanismo e de desenvolvimento social e humano que se vai vendo por essa Europa fora.
PS: Ver informação interessante aqui
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