O novo teatro: dedicada aos eco-fundamentalistas de trazer por casa
À espera de Godot...
O diálogo entre Vladimir e Estragon é patético e desesperado, acerca de tudo e de nada. Godot é um ser vago, esperado ao fim de cada dia, que serve de pretexto para resolver a mísera existência sem sentido. Pozzo e Lucky, as duas outras personagens, criam uma forma de jogo, na qual se defrontam com igual indiferença e consciência de inutilidade, no espectáculo do servilismo à sua condição. O mesmo, sob outra perspectiva, que faz de Estragon e Vladimir subservientes e cegos ao interminável preenchimento do tempo da vida, escravos do peso de carregar os dias como uma espera sem qualquer sentido. Pozzo, que tiraniza Lucky como proprietário de suas vontades, é, ele próprio, destituído de desejos passíveis de se concretizarem.
Para cada um de nós que anseia por algo todos os dias, Godot não é coisa nem ninguém. Não é o vazio que não chega. Godot pode ser, sim, a esperança clara do que está para vir. Ficamos À Espera de Godot. Nada a fazer. E até lá vamos ouvindo os eco-fundamentalistas de serviço expendendo as suas posições anti-Alcochete, anti-Ota (por causa da protecção do arrozal e da gibóia emergente), anti-zumbido do mosquito que dorme sob a ponte Vasco da Gama porque acorda a passarada do sono dos justo e o mais. Ouvir os ambientalistas acerca das possibilidades económicas e ambientais de Portugal é pior do que ouvir o Figo a teorizar o ciclo económico de Kondratief. Porra, já não há pachorra para ouvir esses cromos pelo mau ambiente que vão causando... Se essa gente governasse o mundo por um dia no day-after o sol não nascia. E quando quiserem andar de avião que vão de tartaruga, que é mais seguro..
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