sábado

Os partidos políticos em Portugal os actores que os instrumentalizam em nome das suas ambições

Onde é que está o pêssego?
Toda a gente sabe que os partidos políticos são essenciais à democracia. Sem eles as opções não seriam tão claras, os eleitos não seriam conhecidos e a anarquia instalar-se-ía na sociedade. Daí que a função dos partidos é simultaneamente programática e de estruturação do voto na mente dos eleitores. Logo, os partidos são o sal da democracia.
Eles mantém viva uma consciência crítica sobre os temas sociais que afectam o País, informam e formam a opinião pública e, claro está, têm uma sede de poder, já que o seu objectivo maior é conquistar o poder e governar.
Dito isto, e reconhecendo aos partidos a sua função de enquadramento temático dos problemas, de doutrina ou ideologia junto dos eleitores - seria de esperar que tudo corresse no melhor dos mundos. Já que graças aos partidos os eleitores têm assim a sua vidinha facilitada, seja na estruturação das ideias a que aderem, nos programas que subscrevem ou no candidato que escolhem para o representar. Com esta linearidade, os partidos seriam uma espécie de anjos da democracia que vieram à terra só para nos facilitar a vida e garantir a chamada representação política dos cidadãos e governarem as sociedades.
Contudo, esta será a narrativa mais idílica que pinta os partidos a côr-de-rosa, coisa que eles não são, de facto. E é aqui que entram aquelas metáforas utilizadas pelo Jumento no post infra a que aludimos. Podemos é perguntar por que tal sucede dessa forma frustrando as funções iniciais dos partidos - que hoje se vêm sem credibilidade junto dos eleitores que cada vez mais deles se afastam.
E porquê? Para além da corrupção generalizada instalada nos partidos do poder, que mexem directamente com muitos recursos do Estado, poderá ainda haver uma outra razão que vá para lá da degeneração natural da condição humana, agravada uma vez uma vez no poder. É que hoje os partidos descaracaterizaram-se, as suas identidades estão diluídas, pelo que os partidos actuam mais em função da natureza da sua organização, implantanção e capacidade de movimentar pessoas e recursos.
Uns exemplos de lana caprina: o que faz Fernando Seara no PSD - oriundo do CDS de Adriano Moreia; o que faz Zita seabra no PsD oriunda do PcP? Estes dois casos reflectem bem o oportunismo dos actuais aparelhos partidários que escolhem ou integram pessoas únicamente em função de interesses e de objectivos pontuais que se pretende atingir: conquistar o poder. Depois logo se vê. É óbvio que aqui o papel da ideologia, dos programas e da doutrina fica na prateleira, logo tudo se adapta, tudo se encaixa, tudo se negoceia e tudo tem um preço. Até a dignidade de certas pessoas, sem coluna vertebral, evidentemente!! A vida pública nacional está povoada destas cambalhotas partidárias... Eivada de paraquedistas que instrumentalizam os futebol para subir a escadaria do estrelato político, e uma vez sob os holofotes acabam por se comportar como o chefe da banda que tudo desafina.
O que pretendo sublinhar, revelando bem a decadência dos partidos políticos em Portugal, é que eles actuam menos em função da sua ideologia, programa ou suposta doutrina e mais em função dos interesses conjunturais do momento. Mendes queria que o troca-tintas do Seara conquistasse Lisboa à boleia dos 6 milhões de benfiquistas, jogou essa cartada sórdida quando sabia que o homem está comprometido em Sintra; ao PsD dá muito jeito ter Zita Seabra no Psd - que sempre é uma mulher-empresária, uma editora de sucesso, com dinheiro - que até edita as bujardas de SLopes, etc, etc.
Mas será isto mais um problema de decadência moral dos partidos ou das pessoas que os prostituem e os instrumentalizam em nome dos seus belos interesses privados e ambições pessoais que surgem a cada momento no ciclo histórico??
Creio que seria igualmente um perigo viver sem partidos, mas com estes, tal como estão (prostituídos), também não é boa receita. Que fazer, então? Acho que o MMendes, nestes últimos dias, deu uma péssima imagem do que é a sua visão sobre os partidos políticos em Portugal. Tudo o que contrarie essa visão privatística da política caseira - será bem-vinda.
Há que começar por algum lado..