domingo

O que os políticos portugueses dizem de Sarkosy

in Expresso
Cavaco: “um enorme empenho” José Ventura
Cavaco Silva conheceu o seu homólogo em Fevereiro do ano passado. Já eleito presidente, mas antes ainda da tomada de posse, recebeu o então ministro francês do Interior no Palácio de Queluz. Sarkozy viera a Portugal em visita oficial e manifestou o desejo de se encontrar com Cavaco. Já a preparar a sua candidatura ao Eliseu, foi caloroso, mesmo efusivo, nas felicitações que dirigiu ao presidente português. Cavaco dificilmente esquecerá a primeira pergunta que Sarkozy lhe dirigiu: “Como conseguiu ganhar as eleições, logo à primeira volta?” Um feito que nenhum presidente conseguira em França – e que Sarkozy também não logrou. O ainda aspirante ao Eliseu prometeu o “maior empenho” na cooperação com Portugal.
António Vitorino: “ligado à electricidade” Nuno Botelho
Também António Vitorino se cruzou muitas vezes com Sarkozy, enquanto comissário europeu da Justiça e Assuntos Internos, cargo que ocupou entre 1999 e 2004. "É uma pessoa muito dinâmica, ligada à electricidade e totalmente "media oriented". Isto é: prioridade à imagem e aos media, o resto vem depois”. Além disso, recorda episódios que mostram sentido de humor. Numa conversa durante um almoço em Bruxelas, “num tom claramente irónico, Sarkozy perguntou-me o que é que a Comissão poderia verdadeiramente fazer para ajudar os estados-membros a guardar as fronteiras da União. Respondi-lhe com aquela cena histórica, quando Estaline perguntou quantas legiões teria o Papa... Sarkozy entendeu a picardia e riu-se. Essa é outra das suas características: o bom sentido de humor".
Vitorino retém, por outro lado, o "empenho na criação de um grupo de cinco países que entendia terem interesses comuns, sobretudo na área da imigração, e que deviam exercer uma função liderante na UE. Sempre manteve uma grande desconfiança em alargar esse grupo a mais países, temendo que eles pudessem entorpecer o processo de decisão dos grandes. Esta foi uma constante da sua linha de conduta". Costa: “um restaurante extraordinário” Tiago Miranda
António Costa confirma: "ele inventou o G-6, que agrupava os ministros do Interior dos seis maiores países da União. Esse foi um tema de grande conflito entre todos nós". O ex-número dois do Governo de Sócrates encontrou-o poucas vezes nos conselhos de ministros dos Assuntos Internos da UE. "Ele achava que não se decidia nada nessas reuniões e não aparecia: mandava normalmente o seu ministro-delegado". À margem da UE, participaram nas Conferências dos Ministros do Interior do Mediterrâneo Ocidental. A última reunião foi em Nice. “Acabei por ficar ao lado dele. É um homem muito directo e informal, com uma capacidade notável de estabelecer relações humanas”. Sarkozy fez jus ao seu papel de anfitrião. “Ofereceu um almoço num pequeno restaurante de comida mediterrânica, que disse ser o melhor que conhecia em França. A comida era absolutamente extraordinária, cheia de entradas e petisquinhos, nada de alta cozinha francesa...”. O candidato à câmara de Lisboa não se lembra do nome do restaurante, “mas se for a Nice, sei lá ir ter...”