António Costa tem vários "tempos" políticos: o curto, o médio e o longo
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António Costa avança programa para seis anos (in dn)
SUSETE FRANCISCO
António Costa vai apresentar um programa de governo para a cidade de Lisboa para os próximos seis anos. Candidato às eleições intercalares de 15 de Julho, para um mandato que contará apenas dois anos, o ex-ministro diz que este período não dará para mais do que "pequenas/grandes medidas", a apelar mais à "imaginação" do que ao suporte financeiro - que a capital não tem. Mais que isso, só depois de 2009, data das eleições regulares para a autarquia lisboeta. (...)
Obs: António Costa está assim confrontado com três tempos políticos que correm em pistas paralelas: 1) o curto prazo - onde terá de pagar salários, fornecedores, terminar com as assessorias, cunhas, ganchos, tachos e biscates, enfim, a tralha deixada pelo António Preto-Marques Mendes (conforme diria o meu amigo José Machado Pais, num livro de que foi autor e pelo qual recebeu o Prémio Gulbenkian 2003) e arrumar a bandalheira do espaço público; 2) no médio prazo - terá de corrigir as trapalhadas urbanísticas, algumas feitas à margem da lei e que são indispensáveis ao funcionamento corrente da cidade; 3) e no médio-longo prazo - terão de ser pensadas medidas estruturantes que façam crescer e modernizar Lisboa enquanto cidade europeia e cosmopolita, o que dobra 2009 e em relação ao qual essa temporalidade só a Deus pertence. Se é que Deus sabe algo de políticas municipais..
Contudo, e isso foi sublinhado ontem por António Costa na Estação do Rossio, uma coisa é negociar sob estado de necessidade, com a Paula Teixeira da Cruz a ser teleguiada pela S. caetano à Lapa de molde a que MMendes faça crer ao País que António Costa é um agente do governo infiltrado na CML (MMendes precisa desta muleta de Paula da Cunha - para se evidenciar contra Sócrates ao nível do debate nacional e perfilar-se para S. Bento.., de Sta Apolónia...); outra coisa bem diferente é António Costa gozar de uma maioria absoluta (como espero) - hoje verdadeiramente necessária para Lisboa, sob pena de boa parte das decisões serem vetadas pela Assembleia Municipal que, estranhamente, ficou de pé: nuns casos por capricho, noutros por capricho, ressentimento e vendetta político-partidária. Infelizmente, as coisas são mesmo assim.
Em suma: Lisboa merece o melhor, e o melhor, no actual quadro político, económico e financeiro tomando por referência esta troika temporal é, sem qualquer dúvida, António Costa. Foi também isso que tive oportunidade de lhe dizer ontem pessoalmente em meia dúzia de palavras.
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