Um problema para Sócrates
Ao deixar avolumar um fogo cruzado de informações sobre o seu passado académico na UnI Sócrates tem vindo a deixar crescer um monstro na sua vida política. O que é estranho, pois por regra Sócrates é prospectivo, antecipa-se à informação e só a deixa passar quando e como quer. Na política tem sido, pois, o "dono" da informação, com algumas excepções grotescas debitadas pelo ministro da Economia, Manel Pinho de par com uns secretários de Estado da Energia que ninguém sabe quem são e pesam pouco na opinião pública.
Ora, Sócrates em matéria de background académico, tanto mais numa universidade que só dá péssimos exemplos pedagógicos e científicos para a sociedade - tem vindo a não saber lidar com a situação tal como se impunha. E o que se impunha, até para ver o seu nome desligado dum antro de negócios de origem duvidosa que terá, porventura, mais a ver com casos de polícia do que de produção de conhecimento, deveria já ter feito um comunicado esclarecendo em 3 minutos as condições em que se licenciou na UnI fechando, assim, a possibilidade de mais notícias sobre ele, em particular neste conturbado momento da instituição.
Para os menos atentos as pessoas até poderão pensar que uma questão leva à outra, i.é, que o actual PM também contribuíu para aquela desordem académica e lta entre gangs que se vive na UnI. Tudo porque ainda não falou, não esclareceu... Até ao momento têm sido os assessores que o têm feito por ele, e, ao que se sabe, da pior forma...
Socas, de facto, tem mesmo de falar sob pena de a sua vida política cair no pântano semelhante à Ota, outra questão que ele terá de rever urgentemente. Desta vez, por se tratar mesmo dum pântano... que, quanto muito, poderá servir para criar sapos, arroz e gibóias...
Sócrates tem de perceber uma coisa simples: há um princípio da acção histórica que comanda a vida das pessoas. Dos artista, do operário, do funcionário público e também do governante. Socas não está sózinho na sociedade, não a telecomanda em absoluto, antes a sociedade já está constituída. Mesmo que fale agora, o PM já deu um mau sinal à sociedade, dele ficou a imagem d'alguém que esconde algo, está inseguro, é um gato com o rabo de fora. E isso é, obviamente, o que mais interesse à oposição que há meses vegeta no caixote do lixo tentando aí encontrar propostas alternativas a esta governação. Pois até Marcelo de sousa já começou a fazer campanha para ajudar MMendes nesta cruzada anti-socratina.
Em suma, Socas terá de partilhar com os 10 milhões de tugas a sua subjectividade, terá de desabafar com os portugueses como se estes fossem, doravante, o verdadeiro Freud e ele o paciente. Daí a dificuldade do PM, habituado que está a fazer de psiquiatra e nós de doentes.
Mas feliz ou infelizmente, o caudal de informação cruzado sobre Sócrates gerou uma pressão tal que ele agora vê-se mesmo obrigado a falar - seguindo as regras que já não são as dele, mas as da opinião pública, e é isso que visivelmente o transtorna.
Hoje o PM está confrontado com um novo campo de acção, um terreno que parece estar minado, daí a urgência com que deve falar ao País para esclarecer as dúvidas e tirar as minas do terreno que percorre. Se o fizer com clareza, rigor e de forma convincente - verá o seu nome desligado daquela instituição mafiosa chamada Uni, tira os argumentos à oposição e terá, o que é essencial, mais tempo para pensar nas políticas públicas para Portugal.
Se fosse colaborador de um PM era precisamente isto que lhe diria, e não me armaria em "chico esperto" a ligar para a RR para ameaçar pessoas com a credibilidade e o prestígio do Francisco Sarsfield Cabral - que apesar de fazer o favor de ser uma pessoa amiga - é um homem sério e um grande economista e um bom jornalista.
Conquest of Paradise (Vangelis)
<< Home