segunda-feira

O passivo dos derrotados e a humilhação dos vencidos

Neste referendo houve alguns derrotados notórios, aqueles que enfiaram a cabeça e os pés e acabaram por partir o pescoço nesse envolvimento moralista-civilista, em certos casos tão cínico quanto hipócrita.
Comecemos pela Igreja e pelo seu Cardeal, D. José Policarpo, a chaminé-fumante. Há até quem diga que não se tornara Papa pelo vício excessivo que tem pelo cigarrinho, mas também há quem diga que não deixa de fumar porque depois engordaria de tal modo que não conseguiria entrar pelas portas e empenas dos estúdios da RTP para dar aquelas ambíguas e manhosas entrevistas para assim estar de bem com Deus e com o diabo. Pilula, preservativo são coisas que Policarpo não usa nem quer que os outros usem, nem que seja em prol da humanidade. Estranho!!! A intromissão excessiva da igreja mais bolorenta nos assunto laicos da sociedade - que só a esta dizem respeito decidir, denunciou bem a hipocrisia da igreja, que conta com hipocrisia redobrada do Vaticano cujo Papa já mandou dizer que não quer vir a Portugal acender mais uma velinha em Fátima, como vendetta pelos resultados esperados e confirmados neste referendo ao aborto. Por este andar a igreja lusa e Don Policarpo não irão para o céu, nem em carreira antiga, tipo bus 20 que na década de 80 fazia o trajecto Olaias-Marquês de Pombal.
Marcelo rebelo d e Sousa - ainda há pouco tempo não sabia enviar mails, e agora já se familiarizou no Youtube, francos progressos ele fez. Considerado o mestre dos encenadores em estúdio, embora sempre muito superficial na análise das matérias, revelou uma falta de destreza intelectual em explicar a sua posição tão volátil quanto ridícula daquele "Não heterodoxo". Com a mania de ser original Marcelo deveria vocacionar-se mais para a criação dum diccionário de simbolos esotéricos e de conceitos que só são perceptíveis daqui por 78 anos, porque daqueles miseráveis vídeos no YTubel só se aproveita mesmo a ridicularização que dele fez Ricardo Araújo dos gatos fedorentos. Entre a cópia e original ninguém iria escolher o original. Marcelo sempre foi um "rato de sacristia", hoje revelou-se um beato falhado com uma responsabilidade acumulada - juntamente - com Guterres - por nos ter envolvido neste pântano.
Como um desastre nunca vem só - soçobra MMendes que teve várias posições ao longo da campanha: Não, talvez, deixar andar e logo se vê. Isto denota bem a fluidez mental do actual líder deste psd. Ele diz que quer ser PM de Portugal, mas não diz quando... Com a agravante de já ter sido governante e em nenhuma circunstância revelou inclinação para legislar num sentido ou noutro em apoio à mulher e à família. Confesso que no passado recente tive alguma esperança em MMendes, mas quando percebi a lógica das suas companhias, a gestão teleguiada que faz de Carmona na autarquia, a manutenção de Preto na AR (um deputado sobre quem impendem acusações de corrupção e é uma vergonha do psd) e as cambalhotas que fez nesta campanha ao referendo, pergunto-me se Mendes não estaria melhor no Circo Chen ou Mariano que dantes actuava alí na Praça de Espanha, ao menos aí os mortais e as piruetas ainda rendiam algum, em política, como ele bem sabe, só servem para queimar. É um nado-morto na política portuguesa, e da Fénix não renascerá, mas poderá haver um milagre da Virgem Maria...
PPortas - como diz o JUmento, e bem, é mesmo um feto mal formado. É um especialista em fazer implodir o líder actual do seu próprio partido. Agora percebemos melhor o sentimento que Freitas do Amaral nutre pelo ex-director do Indy, um guerrilheiro que se julga analista exímio. Coitado, ainda consegue ser pior do que aquele piroso décor do estúdio da sic faz o seu número de prestidigitador. Ainda acaba na passarelle do Moda Lisboa a passar roupa do Augustus... Entre ele e Ribeiro e Castro venha o diabo e o aborto.
Sócrates foi um vencedor em toda a linha: política, moral, social, pessoal. Reforço o seu poder pessoal e a sua legitimidade política. Quando mandar o Manel Pinho de novo para o bes - abrirá a porta para uma 2ª maioria absoluta. Com Socas quer haja aborto, quer aumente a natalidade ele nunca sai chamuscado. Nem pela Ana Gomes, que é um verdadeiro aborto político. Ela, e como se dizia no blog CLARO, mais os seus amigos. Em breve saberemos todos quem são os amigos de Ana Gomes.
António Borges - ex-futuro candidato a líder do psd tem uma particular maneira de fazer política, porventura um problema agudo dos economistas: utiliza em demasia a máquina calculadora e perde de mira o horizonte político. Ainda consegue ser pior do que o ministro da Saúde, Correia de Campos a fechar maternidades por esse Portugal-profundo. Uma tarefa cuja rapidez está na razão inversa à missão e ao sucesso com que os polícias pretendem combater o crime em Portugal. Damos aqui um conselho amigo a A.Borges: deixe-se estar no professorado e a criar vinho e cavalos em Alter-do-Chão, porque a política só serve para queimar, e no caso dele para carbonizar - tamanha é a sua inexperiência política. Uma vez no poder, aposto que seria uma espécie de Manel Pinho do psd. Falou do aborto como quem fala de exportações de café, transações de cacau nos mercados internacionais ou de cotações de acções em bolsa. É um tipo sem alma, e quando o povo não vê alma fica cego.
Manuel Alegre - esteve bem ao juntar-se simbólicamente ao PM e ajudar a sarar algumas feridas do passado. Se não podes vencê-los... Jorge Coelho também é muito apreciado, sobretudo quando está calado e fala por gestos ao discutir filosofia com Pacheco Pereira na Circunferência do Quadrado. Sempre que penso no poeta M.Alegre e em Jorge Coelho pinto-os sempre de bata branca. Convenci-me mesmo que eram enfermeiros no Egas Moniz no departamento da doenças infecto-contagiosas. Ainda hoje estou para perceber que conexão tem isto com o aborto!?
O ministro da Saúde - Correia de Campos é um grande perdedor, porque agora o Estado - via min. da Saúde - terá de disponibilizar mais recursos e pessoal na afectação dos abortos que serão feitos legalmente, e não no quintal do Estado como eram feito antes. Ficará mais pobre, e um homem sem verba só diz asneiras. Ora, como no seu caso a asneira já é congénita temo bem que a partir de agora a asneira se amplie, restando a Socas ter de dispensá-lo na leva com Manel Pinho. Será caso para dizer que à propôs do aborto a Saúde da Economia vale zero.
Last but not least - poderemos ver em Paulo Macedo mais um perdedor, sem bem que por via indirecta. Ou seja, já sabíamos que sempre que algo sucedia de bom no fisco o dito Macedo encomendava uma acção de graças na Sé de Lisboa. A sua fé ardente fazia com que atribuisse o resultado do seu alegado sucesso às forças sobrenaturais provindas do Altar da igreja, e com a fé não se discute, ou se tem ou não se tem. Com esta derrota do Nâo - perdeu a Igreja, perdeu quem a financiou (o bcp/ OPus / milenárium) e toda apadralhada dentro e fora da Prelatura - que assim vê diminuída a sua influência na sociedade.
Seja como fôr a sociedade e o Estado carecia duma urgente reforma nesta matéria. Veremos, doravante, para que lado os agentes políticos, sociais e económicos apontam baterias: se para políticas de apoio à mulher e à família de tipo privado regulado exclusivamente pelo mercado neoliberal; ou se o pêndulo aponta mais para uma regulação cirúrgica do lado do Estado. E se assim fôr aqueles que andaram a pregar durante anos que o Estado estava em crise, alguns até vaticinavam a sua morte a prazo, encontram aqui (na questão do aborto) - por ironia do destino - um sinal encadescente de que o Sr. Leviatão se encontra de boa saúde e recomenda-se.
Por falar em saúde, pergunto-me quantos minutos mais Fidel Castro irá respirar. Cuba, infelizmente, também é um país de abortos. De abortos e de assassinos, e o mais curioso é que eles se encontram no poder, paredes meias com a cama de alguns hospitais.
Ah, e perderam as clínicas espanholas onde algumas mulheres portugueses íam abortar.