quinta-feira

Hipocrisia

De ana Gomes já dissémos tudo quanto havia a dizer, de Durão Barroso também. Cada qual à sua maneira mancharam o nome de Portugal dentro e fora de portas. Ana porque é idiota e vive motorizada numa venddeta a Socas por não a ter nomeado MNE; Durão porque é um político medíocre que sofre do Príncipio de Peter, quando mais sobe na hierarquia do poder mais incompetente e iníquo se torna. Durão nunca teve nada mais do que pose de Estado. Ele, aliás, treina a pose. Dito isto, veja-se agora o Editorial de José Teixeira, uma estreia, dado ser a 1ª vez que o publicamos aqui no Macro.
Hipocrisia (link) António José Teixeira O Parlamento Europeu aprovou ontem o relatório sobre os voos ilegais da CIA para transporte de suspeitos de terrorismo. Aí se exortam as instituições europeias a concluírem as investigações e se recomenda aos Estados membros o apuramento de responsabilidades. Portugal é um dos países apontados a dedo. E se o texto do relatório poupa algumas figuras que desempenharam funções governativas, não deixa de pressionar Portugal a investigar os alegados casos de detidos que circularam no nosso espaço aéreo. O relatório saúda a abertura do inquérito-crime desencadeado pelo Ministério Público, mas o tom geral é de denúncia da hipocrisia reinante no espaço europeu.
É por demais notória a negligência e a hipocrisia que têm caracterizado o comportamento de vários Estados. As dissimulações dos movimentos da CIA ocorreram em simultâneo com tímidas condenações do Gulag de Guantánamo. Pior. Ao mesmo tempo que fechavam os olhos aos movimentos clandestinos, à margem de qualquer lei, alguns países europeus comparticipavam nesses atentados ao direito e à dignidade de muitos cidadãos. Sabe-se hoje que polícias franceses, alemães e espanhóis interrogaram prisioneiros de Guantánamo ao serviço de governos e ao arrepio de qualquer cobertura legal, mesmo que de excepção.
A aprovação do relatório pelo Par- lamento Europeu não pode ser mais um acto retórico para apaziguar as aparências. Deve responsabilizar os Estados membros por uma defesa mais convicta e consequente dos direitos humanos. A luta contra o terrorismo, que é um dever de todos os que prezam a liberdade e a democracia, não é compatível com limbos de excepção e o atropelo de regras básicas de civilização. O escrutínio aos procedimentos dos dirigentes europeus não deve ficar por aqui. E se há alguma convicção no ideário que reuniu os povos europeus há 50 anos, então os seus dirigentes têm a obrigação de levantar a voz para o desmantelamento de Guantánamo. A ideia de que o combate ao terrorismo justifica quaisquer meios é em si própria uma ideia terrorista. E tem sido uma prática que colocou num limbo continuado muitos inocentes.
A civilização e a democracia têm marcas de água que não podem confundir-se com comportamentos terroristas. A Europa democrática só merece respeito se estiver à altura dos seus valores. O combate ao terrorismo precisa de desmantelar Guantánamo. Precisa de informações, polícia, firmeza e repressão ao abrigo do Estado de direito. As regras das democracias não podem igualar-se aos procedimentos do terrorismo. Importa não encher a boca de liberdade e depois imitar os seus inimigos.