sábado

Saldos & Promoções livrescas: Noam e Zaramago

Esta semana o mundo aquilatou bem o peso que uma declaração pública na vitrine do mundo pode ter no circuito comercial de um autor. Reportamo-nos à promoção que o Presidente da Venezuela, Hugo Chávez fez a um livro de Noam Chomsky, que até nem precisava. O fito era combater intelectual e culturalmente a América de G. W. Bush servindo-se, para o efeito, de um académico e filósofo de renome mundial, por sinal anarca e faccioso. Mas o que é facto é que tais declarações posicionaram o livro no ranking de vendas dos primeiros 10. Admirável!!!
  • Nem quero imaginar o que sucederá se agora vier a terreiro o ditador Fidel Castro fazer os mesmos saldos à livralhada de Zaramago, o único nóbel português da literatura que vive no estrangeiro. Até já há quem diga que Fidel tenciona fazer a apresentação de tais declarações de promoção livresca - não já a partir do Palácio de Vidro, em Nova York, mas do epicentro do Campo Pequeno (a 2ª opção seria o Jardim Zoológico) - ladeado pelo camarada Jerónimo e pelo camarada bernardino (qqr coisa.., a tal bola sebosa que diz que a Coreia do Norte é uma democracia... - só lhe faltou acrescentar - "popular" - made in Leste). Imagino o sucesso de vendas...Mesmo para exportação, o que poderia ser a salvação e o take-of da economia nacional capaz até de fazer inveja às 15 propostas do Compromisso Portugal expostas recentemente no Convento do Beato.
  • Por instantes até pensei que os rumos da economia nacional estivessem, doravante, dependentes das declarações de um ditador às portas da morte. Mas no caso de Noam Chomsky ainda há pensamento, reflexão, densidade e até boa prosa; neste último caso não há nada disso, o que me levaria a supôr que a fraude aqui seria múltipla. O que, em rigor, não seria bom para a imagem de credibilidade externa de Portugal.