sexta-feira

A direita e a esquerda: ciber-volver

A que lado pertencem estas mãos-de-mãos: à direita ou è esquerda??
A direita e a esquerda são hoje puras ficções político-ideológicas sem repercussões práticas no quotidiano das pessoas. Bem sabemos como Guterres (dizendo-se de esquerda) governou à direita; Barroso (dizendo-se de direita pura e simplesmente não governou, evadiu-se com um presidiário político, só que deluxe com cárcere e residência fixa hoje em Bruxelas); Portas ainda vive no séc. XIX ao tempo das feiras, resta-lhe fazer a sua agenda política on tv com a cumplicidade de Balsemão - que, de forma biunívoca, espera dele uma ajudinha nos shares televisivos. Concorrência oblige; M.Monteiro quer refazer a feira no III milénio, o homem quer respirar política, portanto, deixem-no blogar; Jaime Nogueira Pito continua, segundo me dizem a escrever o que escrevia há 30 anos no semanário de Pito Balsemão, parece que só muda os títulos das prosas, logo é alguém que também vive colado ao passado e aos velhos formatos de artigos enciclopédicos que hoje já não vendem; o empresariado pensa que os partidos são multinacionais que se podem gerir e rentabilizar a curto prazo. Onde está a direita? Nas costelas partidas de Freitas na Quinta da Marinha? Está no Guincho quando Marcelo vai nadar? Está em Rebelo de Sousa, ante os engasgos de Flôr Pedroso, aos domingos à noite? Caros amigos, eu - que só cá vim ver a bola - embora não seja da bola - desejaria dizer mais esta verdade comezinha: tudo isto não passam de percepções, de sombras que podem (ou não) tornar-se realidade. Mas o núcleo do ponto onde assenta a cabeça do alfinete é, quanto a nós, o seguinte: a luta política em Portugal já não se faz entre direita (anquilosada) e a esquerda (pretensamente progressista), mas antes entre quem vê passivamente TV sem saber o que dizer depois das baboseiras recorrentes que lá se dizem e quem acede ao Rizoma - influi nele, tem 200, 300, 500 1000 visitantes/dia através da blogosfera - produzindo aí informação e análise muito mais completa que todos podem consumir, completar, sacar, plagiar e o diabo a sete. A blogosfera é, como referimos, o único milagre do III milénio, pois permite catalizar debates de ideias de forma veloz, barata e já com uma escala largamente apreciável de mobilização social. Conhecendo essas falsas dicotomias entre esquerda vs direita - perguntamos se ainda valerá a pena encetar na blogosfera qualquer debate ou discussão sobre o assunto, como me pareceu resultar do último editorial (hiper-metafórico, logo com o sentido ainda por apurar) do Jumento??? Como espaço de discussão pode ser interessante, pode até estabilizar-se uma doutrina e fixarem-se novas dicotomias que vão para além das tradicionais (guerra e paz; inclusão vs exclusão, mais ou menos tradição, mais ou menos eclésia, mais ou menos política externa, mais ou menos welfare state). Depois vem o aborto e a política dos homosexuais e estraga-se tudo. Aparece-nos aquele senhora do dn, a Fernanda Cancio e escreve uns artigos sobre as causas fracturantes e dá logo cabo do país e do saber instalado. O homem de direita como diria o outro, é aquele que se preocupa, primordialmente, em salvaguardar a tradição; o homem de esquerda, aquele que pretende libertar os seus semelhantes das cadeias que lhes são impostas pelos privilégios de raça, de categoria social, de classe. Depois veio a globalização e implodiu com todas estas miseráveis classificações e arrumações e fronteiras sociológicas. Percebendo tudo isto é que Sócrates libertou Portugal e hoje andamos todos com as calças no fundo do rabo; percebendo tudo isto é que Barroso se pirou para a Europa deixando o país a arder e de tanga. É percebendo tudo que eu me vou deitar, porque já se faz tarde e esta discussão não leva a lado nenhum e a única ideologia que impera hoje em qualquer governo é a da eficácia governativa e comunicativa. E temos de reconhecer que Sócrates tem sido muito ágil nesta e um pouco trapalhão naquela. Talvez por isso ele fosse a pessoa ideal a fazer esse (putativo) debate... Debate!!! Qual debate??? Julgo que temos realidade a mais para tão velhos conceitos, e quando assim é os conceitos de que dispomos só nos podem enganar.