Consciência Histórica e Identidade
Trata-se de um estudo comparativo sobre a consciência histórica dos jovens europeus, dando destaque à situação dos jovens portugueses nesse contexto. Comporta três partes: a primeira é consagrada à aprendizagem da História e às suas imagens entre os jovens; a segunda confronta os jovens com várias representações do tempo histórico e do futuro, em Portugal e na Europa; finalmente, a terceira é dedicada ao estudo de atitudes e representações sociais que se reflectem na consciência histórica dos jovens.
- Este é mais um interessante trabalho de José Machado Pais, mas o tópico que aqui ressaltamos é outro: prende-se com os fios da memória histórica (e pessoal) e depois se entrelaçam com as coisas e os factos mais gerais do próprio tempo que passa - que é significante para cada um de nós. Daí o interesse em saber como cada um de nós exterioriza ou representa mental ou gráficamente esse tempo, ou melhor - essa transposição da memória via-tempo. O desafio, como aqui lembra o sociólogo e amigo José Machado Pais, consiste em exteriorizar essas representações da História, através do simples apelo à imaginação de molde a que o pensamento das pessoas possa transportar-se para uma (ou várias cenas) do passado. Foi isso, aliás, que me ocorreu pensar quando este fim-de-semana revi a Andreia Montezo (o seu amável filho Diogo e marido Vitor - amigo já veterano que agora se aventureirou pelo ciber-espaço através do Marketeer 500 ) - que agora tem entre mãos um trabalho académico interessante que versa sobre os pais, a escola e as perspectivas de participação sobre esse futuro escolar e profissional. De certo modo, porque cruza várias gerações e abraça vários tempos, será um trabalho que nos permitiria viajar no tempo... Sobretudo se eu me lembrar como eram as minha aulas na Escola Primária, os métodos de ensino, os critérios de avaliação praticados, a conduta das professoras (que ensinavam à canada da Índia e à reguada) - de tal modo que entre nós, os mais rufias e anarcas, se dizia à boca pequena que se puséssemos pelo de burro colado na palma das mãos conseguiríamos suportar com um sorriso de orela-a-orelha as dezenas de reguadas que as ditas professoras "do antigamente" davam aos putos como eu que gostavam tanto de ir à Escola como do Barroso ou do Mao Tse Tung... Embora gostasse de aprender...
- Imaginemos agora, como sugere José M. Pais, a fim de funcionalizar esta pequena viagem no tempo, que nos colacaríamos diante uma questão que remete para a tal dimensão complexa/tridimensional do tempo: Imagina que és uma mulher/homem do séc. XV. O teu pai ordena-te que cases com Joaão/a Catarina, filho/a de um agricultor comparativamente mais rico de uma aldeia vizinha. Imagina que não amas nem realmente conheces o/a teu futuro esposo/a. O que farias, se vivesses nessa época?
- Recordamos aqui que José Machado Pais - com Ganchos, tachos e biscates - ganhou o Prémio Gulbenkian de Ciências Sociais em 2003. Um livro que merece atenta leitura e meditação... E como diria alguém, é um livro que se não for possível adquirir ou pedir emprestado é bom que seja furtado...
- É uma investigação sobre jovens, suas trajectórias de vida e horizontes de futuro. Particular destaque é dado à precariedade de emprego e às formas múltiplas de ‘derenrascanço’ correntemente apelidadas de ganchos, tachos e biscates: trabalhos precários, “expedientes”, formas inventivas de ganhar dinheiro nos limites do legal e do ilegal, do legítimo e do ilegítimo, do formal e do informal. Mas é também uma pesquisa sobre as suas inquietudes da vida, seus tempos de incerteza, tensões que emergem quando o presente se confonta com o futuro, em situações de impasse e de ameaças de desemprego, ainda que as estatísticas o ocultem. (...)
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