A intensificação desta crise israelo-libanesa com as ramificações cruzadas que já são terroristicamente conhecidas e codificadas pelos serviços de intelligence dos países envolvidos, evoca-me três noções de INIMIGO relevantes no funcionamento das sociedades europeias:
1. O inimigo interno - que é parte integrante do nosso próprio sistema de governação e modelo social europeu que perdeu potência e aproxima-se aceleradamente da destruição por razões económicas e falta de liderança e de visão política; 2. O inimigo interiorizado ou integrado - que decorre de processos de imigração que se deslocam para o interior das sociedades europeias elementos de culturas diferentes, atraídos pelos benefícios de prosperidade e de bem-estar;
3. O inimigo por ressentimento - formado por todos aqueles que não tendo podido estruturar dispositivos de modernização e desenvolvimento idênticos aos das sociedades europeias, traduzem hoje a sua hostilidade em acções fanáticas de destruição através de operações espectaculares desencadeadas e planeadas por pequenos grupos, que operam em rede, de difícil identificação e detecção, e que não têm por finalidade a conquista dos territórios europeus, mas sim a destruição das condições de continuidade dos processos de modernização nas sociedades desenvolvidas do tal Ocidente Europeu - que é, de facto, e para frustração de todos aqueles que têm uma cosmovisão socio-antropológica diversa, uma realidade indesmentível.
- A nossa civilização de matriz Ocidental, de cultura judaico-cristã assegurou ao longo dos tempos uma qualidade de vida e de bem-estar superior ao de outras culturas, como a árabe guiada por outros códigos culturais que estipulam, por exemplo, rezar 5 vezes ao dia, reconhecendo alguns aqui boa parte da natureza contemplativa e pouco produtiva em que caíram.
- Nesta óptica, não vemos os filhos de Israel a pilotarem aviões contra edifícios para matar pessoas no coração da América, como sucedeu com as Torres Gémeas em N.Y., nem a colocar bombas em comboios, etc, etc... Ao invés, os fundamentalistas islâmicos, que não seguem o Al Corão, mas sim uma doutrina desviante que incita à violência e ao ódio como método político, usam o sistema da morte para gerar um impacto na opinião pública mundial e, assim, obrigar os governos alvo dessa violência a cederem à sua chantagem.
- Pondo no prato da balança Israel e os países árabes que fomentam o terrorismo - aquele apresenta um saldo menos negativo. Isto não desculpa o terrorismo de Estado que Israel também tem cometido no seu espaço vital, já que se encontra rodeado por meia dúzia de inimigos com o mar nas costas.
- Como saír deste impasse, que já é secular para não dizer milenar?? - dadas as sequelas religiosas que subjazem a este crónico conflito, que parecem estar no capital genético daqueles povos.
- Só há uma via: a da negociação a fim de chegar a compromissos, tentando compreender o outro lado - antes de o tentar destruir. Nesta linha, há que salvar a civilização em que acredito, e essa é, naturalmente, a civilização Ocidental (da razão, do personalismo, da tolerância e pluralismo religioso, da dialéctica socrática, do diálogo, da lei, do direito e da separação de poderes, e, por todos, os ensinamentos legados pelo maior homem do mundo que foi Jesus Cristo.
- Neste plano ético e até político, a civilização Ocidental tem sido mais eficiente e "melhor" do que as outras. A sociedade liberal-democrática, com os seus vícios, defende-nos duma prisão arbitrária, sem um processo legal. Conseguimos criar cidades e mantê-las governáveis, conferir segurança aos cidadãos. Portanto, o inimigo que o mundo árabe mais propenso ao fanatismo - criou-se a si própio, a sua imagem de ódio não foi criada pelo Ocidente. Ela foi induzida pelos seus interstícios.O Ocidente jamais poderá ser responsabilizado por aqueles povos não se terem desenvolvido, e dessas privações sociais e económicas nasceram imensas suspeições, invejas e ódios.
- Nos casos dos inimigos interno e interiorizado (1 e 2) - a coisa resolve-se com mais crescimento e prosperidade económica - cuja riqueza depois se redistribui por todos.
- O problema reside no 3º tipo de inimigo - : os ressentidos, dado que aqui é mesmo o modelo de sociedade e de civilização do Ocidente europeu que importa abater à luz desses fundamentalistas islâmicos - para quem o valor da vida tem menos peso do que esmagar uma barata.
- Nesse sentido a União Europeia, e Portugal em particular, têm de fazer um equilíbrio de posições mas ser sempre intransigente com a sua matriz de valores e de princípios que lhe deu identidade. Foi precisamente esse sistema de valores que potenciou o Ocidente europeu a ser grande na História.
- Confessemos que hoje ser "grande" é problemático e a História também já não é o que era... Mas uma auto-estrada de pistas sobrepostas tão velozes quanto imprevisíveis, a cada momento pode haver um acidente em cadeia e depois todos nos magoamos...
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