terça-feira

O Político e o Cientista na modernidade...

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us
  • O novel governo formado por Sócrates tem cerca de 50% de cientistas, ou, pelo menos, ligados directa ou indirectamente, à Academia, ao saber e à produção e gestão de conhecimento na sociedade da informação, de símbolos em trânsito para a sociedade da sabedoria - ainda distante.
  • Talvez nunca como hoje os sistemas (militar, político, jurídico e tecnológico) estiveram funcionalmente tão relacionados com desse capital de saber ligados ao conhecimento que, por sua vez, depende da ordem económica.
  • Ora é sob a inseparabilidade da Política com a Economia que devemos equacionar esta relação simbiótica este o Político e o Cientista. Ilustrado, aliás, na composição do governo do Primeiro-Ministro indigitado que tomará posse dentro de 48 horas, mais minuto menos minuto neste revolução e voragem do tempo.
  • Foi apresentado no LNEC, há uns tempos, o 6º Programa-Quadro de Investigação da União Europeia. Lá estiveram o MCES, o seu activo Gabinete de Relações Internacionais da Ciência e do Ensino Superior (GRICES), a Unidade de Missão Inovação e Conhecimento (UMIC) e o representante do Comissário P. Busquin.
  • Este Programa de Ciência, Tecnologia e Investigação da UE foi o maior instrumento financeiro da UE destinado à investigação aplicada, visando o desenvolvimento de um espaço europeu de conhecimento e inovação, envolvendo um orçamento total de 17.500 mil milhões de euros.
  • Procurou-se, assim, reforçar a capacidade científica e tecnológica da indústria europeia tornando-a mais competitiva face aos EUA. As ciências da vida, a genómica e biotecnologia, a aeronáutica, as nanotecnologias e novos processos de produção foram algumas das áreas temáticas em avaliação. Estas últimas parecem ser a chave para compreender o novo mundo, já que oferecem uma abordagem que altera radicalmente a forma como os cientistas vêm estudando o mundo atómico e molecular. Com tanto dinheiro, com tanta ambição - a titular da altura - a Srª Graça Cavalho - parece ter feito muito pouco ou nada, além da gestão das despesas correntes - pedindo conselho a tudo e a todos.
  • Hoje, já se sabe que é Mariano Gago quem, de novo, volta a ocupar esse posto, e sempre que o faz a vida dos investigadores - se não melhora sobremaneira - pelo menos vive menos incertezas e riscos. Tem uma capacidade política e de execução técnica dos projectos - que a anterior titular manifestamente não tinha.
  • No terreno da investigação aplicada - são as nanociências que adoptam uma abordagem de bottom-up, tomando os átomos como pontos de partida. É através destes desafios que se faz a construção dos novos saberes que alteram radicalmente a percepção do mundo e redesenham a forma como as tecnologias são concebidas e utilizadas: no domínio dos processos microelectrónicos; nas ciências da vida e aplicações à biomedicina e biofarmácia; nos materiais industriais com estruturas de carbono e à base de polímeros e outros componentes com grande resistência, segurança e menor peso; na dinâmica das máquinas e nos benefícios em consumos de energia e no ambiente em geral que fica mais purificado através de sistemas de nano-sensores.
  • São estas novas tecnologias e as interacções que provocam as mudanças nos padrões económicos e sociais, segundo a clássica fórmula de destruição criadora do cientista J. Schumpeter. Contudo, esta panóplia de tecnologias e novas utilizações só é validada se houver retorno para as Ciências Sociais e Humanas (CSH). I.é., o estudo do ambiente, da saúde, da biologia entre outros territórios do saber, só é viável se forem criadas linhas de comunicação entre o triângulo estratégico: decisores políticos, cientistas e cidadãos. Sem esta multidisciplinaridade a cadeia de comando (e reconhecimento das populações que comandam a opinião pública) não funciona. Portanto, hoje nada se faz sem a soberania do conhecimento: a investigação, a inovação, o crescimento económico e a consequente melhoria da qualidade de vida em termos de saúde, ambiente e conforto.
  • Mesmo assim são vagos e incertos esses benefícios a que estão associados riscos: desemprego, (in)segurança pessoal e global, novas doenças, terrorismo e bioterrorismo em rede, info-exclusão, poluição e outros riscos transnacionais. Por um lado existem os cientistas que possuem conhecimento e influência; por outro, os decisores a quem cabe o exercício do poder; e, em 3º lugar, os cidadãos sobre quem recai o exercício daquele poder e influência. Apesar da dualidade, a realidade é mais complexa, já que a sociedade civil global vai colocando questões e dando respostas obrigando a rever o precário equilíbrio entre conhecimento e poder, ciência e sociedade assim como a viabilidade da noção de governança associada às políticas públicas.
  • Então, que papel cabe às CSH: verter uma luz sobre a decisão política geradora de um paradigma técnico-económico do qual resultaria um padrão de desenvolvimento que engloba um cluster estável de tecnologias nucleares que produzem um forte impacto na economia e na sociedade e em torno das quais se processa a inovação...
  • Já é líquido que a interacção das ciências “duras” com as CSH, potencia o rigor científico e a valia cultural das nações. Um processo indispensável a Portugal, o país da Europa com mais pobres recursos politológicos. Tanto mais que a relação entre governo e cidadãos já não é a mesma e novas formas de governabilidade e de progresso sócio-económico devem ser repensadas em vista à sustentabilidade.
  • A responsabilidade do analista não é adivinhar o futuro, mas o de eleger alguns factos úteis à produção de uma interpretação de futuros possíveis. Isto é, fazer prospectiva que, não raro, cai na ironia retrospectiva, já que ao olharmos para o que pode ser o futuro somos convidados a ver o passado numa perspectiva nova. Um pouco como comparar a globalização dos Descobrimentos com a actual fase planetária do fenómeno.
  • Afinal a construção dos saberes resulta sempre duma combinação: o economista pensa em termos de utilidade; o jurista em termos de conformidade da acção com as leis, o moralista com os princípios morais mas é o político que tem de se preocupar com tudo. Como? envolver a ciência com os cidadãos reforçando o processo democrático pelo método do consenso da conferência praticado em alguns países. A cidadania e a governançaregular a globalização e ser as sentinelas da integração europeia e do alargamento e da emergência de novas formas de identidade cultural. devem
  • Daí a necessidade da UE (e especialmente de Portugal) promoverem estudos comparativos transnacionais, coadjuvados por indicadores de desenvolvimento da investigação, e potenciá-los com as políticas públicas dos Estados gerando, assim, uma rede de investigação e conhecimento verdadeiramente europeia.
  • O discurso político, ao invés do cientista, tem de ser compreensível para as massas, o que não favorece a inovação e o experimentalismo. Assim, torna-se problemático ao político decidir o novo campo estratégico e conduzir as massas sociais para tipos de comportamentos adequados à nova fase da globalização competitiva. Mas não é impossível..
Image Hosted by ImageShack.us