Narrativas da incerteza e a noção que falta: a legitimidade democrática pós-eleitoral. A crónica de Paulo Baldaia
Narrativas da incerteza e a noção que falta: a legitimidade democrática pós-eleitoral:
Gosto de ler as crónicas de Paulo Baldaia, pois utiliza metáforas a preceito, por vezes com piada, com potencial explicativo, numa linguagem que chega a todos e de modo compreensivo. Mas ele lembrar-se-á, seguramente, da forma como PSD, CDS, BE e tuti quanti federaram interesses e forças para mandar abaixo o governo Sócrates em 2011, mesmo após o PEC-4 estar aprovado e ratificado pela Europa dirigida pela srª Merkel. Cavaco também ajudou à festa nesses fartar de vilanagem e que originou, no limite, a vinda ada troika para o rectângulo.
- No limite, muita gente que votou, excluindo o meio milhão de portugueses expulsos do país que não votariam certamente na Paf se cá estivessem, poderá sentir-se defraudado, como diz o director da TSF na sua crónica. Mas Paulo Baldaia não pode ocultar uma coisa que se chama "legitimidade democrática pós-eleitoral", como a possibilidade de aqueles que não se apresentaram a votos de forma coligada - poderem fazê-lo no momento pós-eleitoral, desde que mandatados pelos respectivos partidos e em convergência para um ponto de luz que ofereça estabilidade ao país. Eis o que Cavaco pediu.
- Afinal, vivemos numa partidocracia, não é?! E isso, por vezes, muitas vezes, ou só algumas vezes, como parece deduzir-se da lógica objectiva e implícita do artigo referenciado - é uma chatice.
- Por outro lado, mas centrado no mesmo problema, pergunto-me inúmeras vezes o que fariam aqueles eleitores que engrossaram os 43% da taxa de abstenção, e a conclusão a que chego, sem ser sectário nem fanático ou sequer corporativo, deve ser a mesma do que aquela a que chegou a maioria absoluta dos portugueses ao rejeitar as políticas austeritárias duma dupla de meliantes que só são credíveis nos respectivos directórios partidários, e não na sociedade. O empobrecimento de Portugal e dos portugueses, nos seus rendimentos e património, demonstra essa tese à saciedade.
- Paulo Baldaia sabe, até pelas responsabilidades que tem, além da inteligência analítica de que é dotado, quem é que, em escandalosa abundância, violando grosseiramente até a ética republicana e a cidadania (para não dizer as leis nas quais cooparticipou em sede de AR, como deputado!!!), quem é que andou a "roubar a bola" (para utilizar a sua metáfora!!) aos portugueses durante 4 anos a fio. E durante 5 alegou desconhecer que tinha de pagar as prestações à segurança social...
- Sobre isto Paulo Baldaia, com a lucidez que lhe conhecemos, irá fazer outra crónica. Porque das eleições não podemos, nem devemos excluir, a natureza do carácter daqueles que se apresentam a sufrágio. Porventura, essa nova crónica ainda será mais interessante e com metáforas mais apetitosas. Sim, porque os portugueses.., até da bola já estão fartos, a ajuizar pelo que se passa nas alegadas acusações, fundadas ou não, de Alvalade à Luz...
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Paulo Baldaia - Diretor da TSF
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