Schäuble está a mentir: os empréstimos à Grécia foram um resgate aos bancos alemães"

Ao DN, o economista que trabalhou com Durão Barroso, como conselheiro, diz esperar que a Atenas chegue a acordo com os credores e avisa para as consequências da saída da Grécia da zona euro.

A UE tem agora o Syriza entre os seus governos. É um ponto de viragem ou foi apenas de uma demonstração isolada de coragem de um povo sedento de mudança?

A eleição de um governo apoiado por um partido como o Syriza é seguramente o mais forte desafio que a resposta à crise, liderada pela Alemanha, enfrenta. No entanto, é ainda muito cedo para dizer quão significativo e duradouro será este acontecimento. Tudo depende de como se desenrolarem as discussões com as autoridades da zona do euro e o que acontecer noutros países, nomeadamente Espanha, onde o Podemos lidera as sondagens.

O ministro alemão das Finanças disse que "as condições do resgate à Grécia são mais generosas do que as medidas [exigidas] ao país". Junker afirmou para Tsipras não assumir que a zona euro aceitará o plano grego. É possível continuar a fazer exigências cegas à Grécia?

Schäuble está a mentir: os empréstimos a uma Grécia insolvente foram, principalmente, um resgate dos seus credores, nomeadamente aos bancos alemães. E, as condições associadas aos empréstimos, de austeridade extremamente brutal, foram tudo menos generosas. As autoridades da zona do euro e as elites nacionais têm causado uma depressão na Grécia, sem resolver os problemas, nomeadamente o fardo insuportável da dívida e um sistema político corrupto e disfuncional.

_________

Obs: O grande mérito da DDT, a chancelarina Merkel foi ter posto os demais países da UE a trabalhar para o crescimento da economia alemã; o grande demérito da Europa foi ter feito isso voluntariamente, e ainda contribuiu - lamentavelmente - para a paralisia institucional das instituições europeias, hoje secções do economato da economia germânica. A esta luz, Merkel não poderia ter encontrado melhor guarda-livros do que o desertor Durão Barroso. 

__________________