quinta-feira

Recuperação de Sir Bertrand Russel


É sempre útil regressar aos ensinamentos de Bertrand Russel para compreendermos melhor o tempo em que vivemos. 

No passado, os homens vendiam-se ao Demónio para conseguir poderes mágicos. Actualmente, eles adquirem esses poderes através da ciência e sentem-se compelidos a tornar-se demónios:


- como é possível desmantelar o Estado social sem sucedâneo à altura, o que potencia a pobreza e a emigração compulsiva em larga escala e a falência de empresas e consequente destruição de emprego;
- como é possível fazer leis em flagrante violação do espírito e da letra da Constituição da República Portuguesa, com a agravante de ter a benção de Belém, uma outra cabeça da serpente nessa imensa hidra;
- como é possível ter-se atingido o grau de conivência entre Estado, banca e alta administração, leia-se o BdP (vis-à-vis BES, BPN, BPP, etc) - cujo papel é regular e não comportar-se como o polícia mau que à noite se mascara no assalto final;
- como foi possível manter ministros no Governo, como Miguel Relvas, que condensavam em si todas as corruptelas e vícios que uma sociedade civilizada rejeita;
- como foi possível meter em S. Bento um sujeito que não conhece os problemas do país, não tinha (e não tem) preparação para a governação e apenas governa sob a lei férrea do imposto constante e progressivo dinamizado pela má fé, pelo dolo, pela violação da CRP e pela obsessão contra a generalidade dos portugueses, denunciando um padrão de patologia política digna de estudo.

Um tipo assim jamais deveria gerir o que quer que fosse, nem uma retrosaria de bairro em falência.

Estamos, pois, diante do maior  logro e embuste da nossa história política do pós-25A.

Eis o quadro que nos subtrai a esperança para um mundo melhor. A menos que o poder possa ser domado e posto ao serviço, não deste ou daquele grupo de interesses, desta ou daquela personalidade promovida pelo governo ainda no poder, deste ou daquele fanático ultraliberal, mas de todos os portugueses, sem excepção: brancos, negros, comunistas, fascistas, salazaristas, passistas, e, claro, também, democratas. 

Uma vez que a ciência tornou inevitável que tudo tem de viver ou tudo tem de morrer. 

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