terça-feira

As ideias em ciência. Diletantes vs especialistas num país com um governo desmiolado que governa assente no método do compadrio


Normalmente, a "ideia" em ciência só é preparada no âmbito do trabalho árduo, embora nem sempre isso possa ocorrer. Científicamente, a ideia de um diletante - como demonstram estas declarações idiotas de um membro do XIX Governo (in)Constitucional - pode ter a mesma influência, ou ainda maior, para a ciência que a ideia de um expert.

O diletante  difere do expert, na medida em que lhe falta um processo de trabalho firme e digno de confiança. Ou seja, o diletante - como revelam as declarações referenciadas no link supra - na medida em que ele não está em posição de controlar, estimular ou explorar a ideia nos seus aspectos fundamentais. 

Contudo, a ideia não é um sucedânea do trabalho, e o trabalho, por seu turno, também não pode substituir a ideia, nem criá-la, tal como também não o pode o entusiasmo isoladamente. Entusiasmo e trabalho, e acima de tudo ambos em conjunto, é que geram  as ideias em ciência.

Significa isto, em total desencontro das declarações idiotas do "ministro das cervejas" que integra governo ainda em funções, que as ideias nos chegam quando lhes apraz. As melhores ideias ocorrem efectivamente à nossa mente da forma como um dia alguém descreveu: ao fumarmos um charuto no sofá; ou quando caminhamos por uma rua que sobe lentamente; ou de qualquer outra forma semelhante. De qualquer modo, as ideias chegam quando não as esperamos, um pouco como as relações de amor, e não quando as estamos pensando e  procurando na nossa mesa de trabalho. 

Todavia, as ideias certamente não nos ocorreriam se não tivéssemos pensado à mesa e buscado respostas com uma dedicação apaixonada.

O que é manifestamente uma tarefa incompatível com as declarações de um diletante, curiosamente feitas a pretexto de auxiliar um outro actor caído em desgraça por estar a destruir o que resta do frágil edifício de I&D construído nos últimos 15 anos em Portugal. 

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