segunda-feira

Soft & hard lies na "pulhítica" à portuguesa. As pensões e o teatro em Portugal.


A ciência da mais ampla
usança é a arte do fingimento.
Baltasar Gracián




Não sei, não sabemos, se o representante do grupúsculo partidário
que representa 6 ou 7% das intenções de voto em Portugal encomendou ou simulou aquela "deliberada" fuga de informação para por em prática toda a mise en scéne a que assistimos neste fim-de-semana (e que estragou as performances televisivas de Sócrates e Marcelo na RTP e TVi, respectivamente), cujo objectivo foi (ou seria!!!) o de criar um estrondoso efeito na opinião pública demonstrando que, afinal, o Vice-PM só vai taxar as pensões com valor igual ou superior a 2000 € e, afinal, o titular da suposta reforma do Estado (reforma de cordel, bem entendido!!) tem um coração d´ouro e uma ilimitada compaixão pelos velhos e remediados. 

No fundo, toda a vida humana gira em torno duma mentira que contamos para nós mesmos a fim de nos tornarmos capazes de responder àquilo que acreditamos que a sociedade quer (ou espera) de nós. Desta feita, criamos todo um conjunto de mentiras para sustentarmos as nossas vidas, e não podemos permitir que nossos filhos descubram a verdade.

Se é assim (por vezes) na esfera interpessoal, não o é menos no campo político, que é o patamar onde os interesses são mais contraditórios, logo também mais deformáveis pela circunstância de atender à pluralidade de interesses em presença, como também onde os efeitos políticos do fingimento são mais agudos.

Tais efeitos remetem-nos para a magna quaestio - que agita a própria reflexão política desde A República de Platão até ao Príncipe de Nicolau Maquiavel.

A questão, velha como o tempo, pode formular-se assim:

Deverá, para seu bem, o responsável político esconder a verdade ao povo, ou seja, enganá-lo visando a sua salvação?




PS: Nem toda a gente aprendeu Ciência Política e as técnicas da informação e desinformação na U. Moderna. 

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