quarta-feira

Democracia austeritária em Portugal


A democracia universal e a guerra contra o terrorismo globalitário foram dois conceitos que, na última década, tiveram a urgência de se vigiar mutuamente. Ambos os lados, por valores e razões distintas, revelaram ilusões perigosas.

Assim como os regimes utopistas do passado, os governos - designadamente este governo intervencionado em Portugal pela troika, ainda não teve a coragem de confessar que está a tentar fazer o impossível entre nós. O impossível social, económico, fiscal até à exaustão das nossas forças e possibilidades. E ao não reconhecer este facto incorre num erro, ou numa ilusão perigosa. 

Esta libertação dos condicionalismos - que o povo reclama, mas que o XIX Governo impõe (por via de esbulho fiscal continuado e declarado e notoriamente inconstitucional, como se o governo, ele próprio, se constituísse num criminoso encartado) - seria urgente para moderar o próprio poder, que anda de rédea solta e "governa sem rei nem roque", violando leis a seu bel-prazer e com uma tamanha barbárie social sem precedentes nos últimos 100 anos em Portugal. 

No séc. XX - o resultado foi o totalitarismo - um sistema em que todos os aspectos da sociedade eram controlados pelo governo. Nem direito à vida privada existia, tudo era interferido. Hoje, o resultado é um tipo de democracia autoritária em que as eleições servem apenas como plataforma comunicacional para os candidatos ao poder alinharem as suas mentiras programáticas, constantes dos programas eleitorais comunicados à sociedade. Mentiras com base nas quais acabam por ser eleitos, e, uma vez no poder, procedem de modo diverso em todas as áreas da governação, nos mais variados domínios e políticas públicas. 

Nada é, pois, respeitado. Tudo se passa como se o povo fosse um grande palhaço que assiste na plateia com a única função de bater palmas a tudo quanto o governo pense, faça ou diga. 

E é aqui que chegámos: um governo mentecapto que está a gerar uma sociedade de alienados. Uma sociedade de pessoas com liberdades substancialmente reduzidas, sem rendimentos e esperança, engrossando as filas das sopas dos pobres em Portugal. 

Tal como em surtos anteriores de utopismos de direita, agravados pela intervenção externa da troika, as realizações do passado foram penalizadas na prossecução de um futuro imaginado na cabeça destes líderes do centro-direita que já governam sem o mínimo de legitimidade popular, multiplicando dívidas, desigualdades sociais gritantes e semeando uma pobreza estrutural que demorará décadas a recuperar em Portugal. 

Este é o balanço da intervenção de dois anos da troika em Portugal precipitado pelo psd e cds em 2011. 



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